Campo de Concentração
Desde o fim da URSS
em 1991 conforme previ a flecha azul, não encontrando mais oposição, fez o
Ocidente capitalista ampliar ainda mais a concentração de renda em toda parte,
em especial no Brasil. Os índices ou apontamentos disso são tanto diretos
quanto indiretos.
Direta é a medição
da FIBGE (Fundação IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de
que os 13 % da renda em posse do 1 % mais rico agora se encontram em mãos de
0,6 %, quase dobrando, 0,40/0,60 = 67 %. Indireta é a notícia da Rede Gazeta,
por meio do chocadíssimo reporter-editor Abdo Chequer de que 85 % (ele disse e
repetiu várias vezes duas manhãs) dos brasileiros não conseguem atravessar o
mês inteiro com dinheiro para pagar as contas. Para quem não acompanha as
estatísticas isso é apenas um primeiro susto, mas para quem segue devemos
reportar que haviam 20 % de ricos e médios-altos (5 % de ricos e 15 % de
médios-altos) e agora há só 15 %, quer dizer, encolheu 5 % ou ¼ ou 25 % de 20
%.
Multiplicando os dois
índices, 25 % x 67 % (1,25 x 1,67 = 2,09) obtemos um novo indicador que diz que
a concentração mais que dobrou (nalguma métrica a ser apurada): a) 25 % de
ricos e médios-altos - mais para os lados dos últimos, pois é estatístico - ou
5 % deles no total da população perderam as prerrogativas e são novos-médios;
b) 0,4 % de muito-ricos são apenas ricos agora. Quase toda a coletividade
brasileira está descendo das posições que detinham e pela primeira vez os
médios-altos e os ricos estão sendo feridos pelo novo movimento
concentracionista, a nova concentração de rendas e finalmente de posses.
O Brasil não é um
campo de concentração à alemão-nazista, mas é um campo bem evidente de
concentração de rendas. Nem toda concentração é dos corpos, as mentes também sofrem.
O Brasil é bem notavelmente um experimento favorável às concentrações
elitistas. Superfavorável, aliás.
Vitória, sábado, 22
de maio de 2004.
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