quinta-feira, 22 de junho de 2017


A Guerra das Duas Histórias

 

                            Nos textos do Livro 81, Mecânica GH e Mecânica GH e a História do Povo e no artigo A História de Hoje e a Geografia Mascarada, neste Livro 82, pudemos iniciar uma nova linha de diálogo.

                            Vimos que há no presente duas linhas de historiadores, os que vivem (sabendo ou não, conscientes ou não; estes são os piores, porque entram disfarçados no campo adversário) servindo as classes dominantes e os que desejam servir às classes dominadas, agoraqui respectivamente as elites e as burguesias e o povo e os operários. São os historiadores reacionários, que reagem, e os revolucionários, que agem, que revolucionam, que pregam os saltos históricos, a mudança geral sobre a linha presente geográfica de apossamento do TER e do SER.

                            Os reacionários, já dissemos, procuram do presente ou do espaço geográfico agir sobre o tempo histórico para camuflá-lo das violências de classe. Eles DIMINUEM a história dos choques e das violências. Travestem-na, violentam sua natureza. Eles AMACIAM a psicologia antiga, todos aqueles atos presentes, daqueles presentes das classes dominantes, todas as violências cometidas antes sobre as classes dominadas. Subtraem fatos, dão versões distorcidas, mudam as almas, embelezam os atos, justificam as perfídias como necessárias, adicionam magia e arte aos fatos duros e brutais, revestem o esqueleto morto do passado de nova pele cujas cores e desenhos agradem os dominantes do hoje. Como existe uma guerra de classes existem também uma guerra das classes que historiam, que se apoderam do passado para diminuir o presente, apequenar a geografia que poderia mostrar o REAL espaço de lutas. Eles diminuem a história para travar a geografia. Retrabalham a geografia para diminuir a quantidade e a qualidade dos conflitos ATUAIS, porque de fato ninguém está interessado nos conflitos de ontem, exceto se facilitarem o entendimento dos de hoje. Então, também há guerra na História geral. Nela dois grupos de soldados batalham. Claro que um grupo está muito mais bem armado que outro, com toda fartura de materiais, de máquinas, de equipamentos, de instrumentos, de aparelhos, de programas, de objetos a serem usados no processo contínuo de falseamento. O outro grupo, pobre dele, é um exército de esfarrapados que nem sabe o que está fazendo. Nem sabe mesmo se está fazendo, pois não existia uma abordagem anterior a esta. É desproposital a relação de forças, mas é claro que o futuro vai vencer. Mas, antes disso o passado ainda permanecerá algum tempo.

                            Vitória, sábado, 29 de maio de 2004.

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