A
História de Hoje e a Geografia Mascarada
Com vimos no Livro
81, nos textos sobre mecânica GH, a geografia é do lado do espaço, presente,
enquanto a história é do lado do tempo, passado. As pessoas podem se perder na
rejeição do óbvio, porisso o aprofundamento escapa-lhes.
Já
ficou dito que a história faz a passagem entre os planos G1, G2, G3,..., Gn,
isto é, ela explica PARA O DOMINANTE PRESENTE o que foi CONVENIENTEMENTE o
passado, ela adapta o passado às conveniências dos que no presente dominam, digamos
as elites e as burguesias dos AMBIENTES (mundo, nações, estados,
municípios/cidades – por exemplo, há ADAPTAÇÃO URBANA, os historiadores adaptam
em Vitória o passado às elites e às burguesias capixabas, prestando esse
serviço de acomodação de classe, rejeitando o povo, tirando-lhe as memórias).
Os
historiadores FILTRAM o passado, de modo que ele se pareça com a elites e as
burguesias. Eles são uma espécie de pelego, de pele entre o cavaleiro-burguês
que pesa e o cavalo-povo que leva – eles AMACIAM as relações, tornando-as
suportáveis para o povo, por assim dizer, se assim se pode dizer sem gemer.
Para tornar o hoje suportável, tolerável, os historiadores adaptam o domínio
burguês do passado à psicologia do povo atual. Eles depuram tudo que não é agradável
SIMULTANEAMENTE às elites e ao povo. São PSICÓLOGOS DO TEMPO capazes de
converter o tempo de real em aceitável. Em cada face espacial, em cada hoje eles
depuram, subtraindo os elementos negativos, construindo um presente-glacê que
cobre o bolo cru da realidade com açúcar mascarador. Eles mascaram ou negam o
presente, que é chocante, onde se dão os choques e os conflitos, para que ele
se pareça a paz do passado; e mesmo as inegáveis guerras que aconteceram são
tornadas favoráveis. É uma profissão detestável, exceto quando o historiador é
revolucionário, quer dizer, ele luta na linha de frente, no presente mesmo,
para dar autonomia revolucionária REAL ao povo. Os historiadores orgânicos com
o poder burguês estão sempre SUB/VERTENDO a geografia, o hoje, o que está
acontecendo, em favor dos mandantes. Eles se apoderam dos documentos, de tudo
de onde podem EXTRAIR PASSADO para mascarar ou negar continuamente o hoje. Ele
devem negar repetidamente o povo. O povo, em si mesmo, é do lado da memória,
não da inteligência, que é área das elites; então, o passado deveria ser do
povo, mas não é, porque as elites historiadores, que historiam ou negam em
favor das outras, se apoderam TAMBÉM do passado.
Não
é trivial afirmar que o presente é o espaço de luta, isso é multiplamente
verdadeiro: a) como só existe mesmo o agoraqui, o é-da-coisa, como dizia
Clarice Lispector, é nele que se trava qualquer luta; b) virando para os
sucessivos planos geográficos G(i) que sobraram os historiadores burgueses vão
buscar negá-los, como serviço de classe – como estamos todos no presente os
historiadores revolucionários devem lutar com os historiadores reacionários
pela posse do passado, transformando-o em PASSADO DO POVO c) já que a geografia
é o plano do espaço, do presente, é através dela que se luta verdadeiramente –
contudo, os tecnocientistas orgânicos e os conhecedores orgânicos todos
procuram SEMPRE diminuir a importância da geografia. Ora, é essa
geografia-potência que ainda deve ser construída.
Vitória,
sexta-feira, 28 de maio de 2004.
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