sexta-feira, 7 de abril de 2017


Funil de Armazéns

 

                            No porto de Paranaguá, cidade que (segundo a Barsa digital) tinha 115 mil habitantes em 1996, situada a 90 km de Curitiba, capital do Paraná, há conflitos pavorosos entre as cargas que chegam das colheitas e a baixa capacidade portuária de armazenamento para exportação.

                            Todos querem trazer ao mesmo tempo os grãos que vem do oeste do estado, de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso, de Goiás, do Paraguai, sei lá mais de onde, até da Bolívia. Centenas e até milhares de caminhões ficam à beira das estradas, ocupando o tempo dos motoristas, custando mais aos agricultores, diminuindo a capacidade de tráfego de mercadorias no uso alternativo, causando danos ao país. É isso: todos querem ao mesmo tempo e as estradas não comportam o fluxo, gerando enormes prejuízos, com perdas de frações consideráveis das safras.

                            Entrementes, se as cargas fossem postas em contêineres ou em sacolões (bigs bags, dizem), poderiam ser depositadas provisoriamente em armazéns que distariam 10, 20, 40, 80, 160 km do porto, sendo aos poucos levadas para lá. Isso implicaria a existência de uma rede de armazéns, postos como que num funil ao longo da ÁREA DE VAZÃO, de escoamento. O ritmo de levada seria o das possibilidades, não durante as emergências, mas permanentemente, todos os anos.

                            Os caminhões levariam os contentores até os armazéns, conforme os pudessem atingir, e voltariam para tomar mais; os boxes de transportes pertenceriam já aos navios, sendo lacrados ou não, desde quando irá certamente haver dupla contagem, na partida e na chegada. Não estariam ocupados, pagando diárias aos motoristas ou aos proprietários dos veículos. Se demorasse mais que o esperado as caixas de depósito ficariam esperando indefinidamente em armazéns dos governos ou das empresas. No Espírito Santo, por exemplo, poderiam ficar em armazéns que iriam do porto até Ibatiba ou Iúna, na divisa com Minas Gerais, ou além, vazando quando desse. Armazéns construídos em áreas muito menos valorizadas, diga-se de passagem.

                            Vitória, quinta-feira, 20 de novembro de 2003.

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