quarta-feira, 5 de abril de 2017


Espaço Interessante de Supervivência

 

                            Estamos sempre em sub-vivência, por desinteresse dos governempresas.

                            SUBVIVÊNCIA DAS PESSOAS

·       Pequena vida dos indivíduos (eles não dão nem recebem o máximo que podem);

·       Pequena vida das famílias (porisso se formam tantos grupos, em particular tantas gangues);

·       Pequena vida dos grupos;

·       Pequena vida das empresas.

PEQUENA VIDA DOS AMBIENTES

·       Subvivência dos municípios/cidades;

·       Subvivência dos estados;

·       Subvivência das nações;

·       Subvivência do mundo Terra.

Aí, sub-vive tanto o corpo quanto a mente. Sub-aproveitamento corporal, porque o corpo não dá nem recebe tudo que pode, tanto no Oriente quanto no Ocidente; sub-aproveitamento da mente, que vive em supercarência ou supernecessidade.

Por exemplo, as praias estão em 8,5 mil quilômetros de costas brasileiras, mas elas são super-mal-aproveitadas, no máximo tendo uns calçadões, grandes calçadas, onde as pessoas podem andar, e uns quiosques de boa ou má arquiengenharia, pouco importa – não passa disso. Quando muito são oferecidos cadeiras e banheiros.

De fato, como já falei várias vezes, levei à prefeitura de Vitória uma idéia de um calçadão de 200 metros em Camburi, com oásis na areia, com piscinas, com hipermercados, com centros de compras, com clubes, com todo tipo de coisa.

Aqui quero ampliar a coisa.

Veja que o mundo ficou extraordinariamente complexo em relação até a espaçotempo recente, as pessoas se tornaram sofisticadas (sofisticação individual, familiar, grupal e empresarial), todos ficaram mais exigentes, tudo é mais brilhante e organizado – não estamos voltando ao passado. Da parte privada são oferecidas discotecas, os bares foram transformados, há mais deles elegantes e finos, multiplicaram-se as ofertas, ao passo que do lado público o povo não pode contar com quase nada, fora o Vital, de Vitória, que se realiza em novembro e é tido como o maior carnaval fora de época do Sudeste brasileiro.

Mas não há nas praias (que poderiam ser alargadas bastante) lugares especiais para o povo, as lideranças, os profissionais, os pesquisadores e quem mais seja confraternizar, e para as pessoas acima citadas e os ambientes por seus representantes se encontrarem e dialogarem. Não há ambientes fechados ou semi-abertos (com muretas) nos quais mulheres e homens, adolescentes, grupos religiosos, roqueiros, surfistas, tatuados ou com piercing, pessoas com interesses diferentes, espaços para palestras, etc., possam sem encontrar.

NÃO HÁ NADA DE INTERESSANTE nas praias, urbanisticamente falando, fora a areia, a água e os bares e calçadas.

Considerando que os seres humanos falam, e falam compulsivamente, não há ESPAÇOTEMPO DE FALA nas praias. Elas não foram preparadas para os seres humanos se divertirem com aquilo que acham mais interessante que é falar, conversar, jogar conversa fora, trocar abobrinhas, ficar no blá-blá-blá ou no ti-ti-ti, trocar notícias. Por aí podemos ver quanta consideração e respeito os governempresas têm por nós.

Em resumo, nas praias nós não super-vivemos, não sobre-vivemos – nós meramente sub-vivemos, sem qualquer atenção especial amorosa dos governempresas. É preciso que alguém leve essa visão nova ao Congresso.

Vitória, terça-feira, 18 de novembro de 2003.

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