Espaço Interessante
de Supervivência
Estamos sempre em
sub-vivência, por desinteresse dos governempresas.
SUBVIVÊNCIA DAS PESSOAS
·
Pequena
vida dos indivíduos (eles não dão nem recebem o máximo que podem);
·
Pequena
vida das famílias (porisso se formam tantos grupos, em particular tantas
gangues);
·
Pequena
vida dos grupos;
·
Pequena
vida das empresas.
PEQUENA
VIDA DOS AMBIENTES
·
Subvivência
dos municípios/cidades;
·
Subvivência
dos estados;
·
Subvivência
das nações;
·
Subvivência
do mundo Terra.
Aí, sub-vive tanto o corpo quanto a
mente. Sub-aproveitamento corporal, porque o corpo não dá nem recebe tudo que
pode, tanto no Oriente quanto no Ocidente; sub-aproveitamento da mente, que
vive em supercarência ou supernecessidade.
Por exemplo, as praias estão em 8,5
mil quilômetros de costas brasileiras, mas elas são super-mal-aproveitadas, no
máximo tendo uns calçadões, grandes calçadas, onde as pessoas podem andar, e
uns quiosques de boa ou má arquiengenharia, pouco importa – não passa disso.
Quando muito são oferecidos cadeiras e banheiros.
De fato, como já falei várias vezes,
levei à prefeitura de Vitória uma idéia de um calçadão de 200 metros em
Camburi, com oásis na areia, com piscinas, com hipermercados, com centros de
compras, com clubes, com todo tipo de coisa.
Aqui quero ampliar a coisa.
Veja que o mundo ficou
extraordinariamente complexo em relação até a espaçotempo recente, as pessoas se
tornaram sofisticadas (sofisticação individual, familiar, grupal e
empresarial), todos ficaram mais exigentes, tudo é mais brilhante e organizado
– não estamos voltando ao passado. Da parte privada são oferecidas discotecas,
os bares foram transformados, há mais deles elegantes e finos, multiplicaram-se
as ofertas, ao passo que do lado público o povo não pode contar com quase nada,
fora o Vital, de Vitória, que se realiza em novembro e é tido como o maior
carnaval fora de época do Sudeste brasileiro.
Mas não há nas praias (que poderiam
ser alargadas bastante) lugares especiais para o povo, as lideranças, os
profissionais, os pesquisadores e quem mais seja confraternizar, e para as
pessoas acima citadas e os ambientes por seus representantes se encontrarem e
dialogarem. Não há ambientes fechados ou semi-abertos (com muretas) nos quais
mulheres e homens, adolescentes, grupos religiosos, roqueiros, surfistas,
tatuados ou com piercing, pessoas com interesses diferentes, espaços para
palestras, etc., possam sem encontrar.
NÃO HÁ NADA DE INTERESSANTE nas
praias, urbanisticamente falando, fora a areia, a água e os bares e calçadas.
Considerando que os seres humanos
falam, e falam compulsivamente, não há ESPAÇOTEMPO DE FALA nas praias. Elas não
foram preparadas para os seres humanos se divertirem com aquilo que acham mais
interessante que é falar, conversar, jogar conversa fora, trocar abobrinhas,
ficar no blá-blá-blá ou no ti-ti-ti, trocar notícias. Por aí podemos ver quanta
consideração e respeito os governempresas têm por nós.
Em resumo, nas praias nós não
super-vivemos, não sobre-vivemos – nós meramente sub-vivemos, sem qualquer
atenção especial amorosa dos governempresas. É preciso que alguém leve essa
visão nova ao Congresso.
Vitória, terça-feira, 18 de novembro
de 2003.
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