sábado, 25 de março de 2017


Agroconfusão

 

                            O caderno especial de A Gazeta de 17/10/2003, sexta-feira, foi denominado Agronegócio (o futuro nasce aqui), nas páginas internas declarando que 88 % de cerca de US$ 570 movimentados nas exportações do ES em 2002 vieram dos agronegócios, com predomínio de café e pasta de celulose, quando sabemos que a Aracruz Celulose destina sua produção quase toda ao exterior.

                            No texto Reolhando os Setores Econômicos, Livro 43, determinamos que há cinco setores, a saber: agropecuário/extrativista, industrial, comercial, de serviços e bancário, este o motor ou coração do sistema, o que injeta info-controle ou comunicação.

                            Do jeito que está, tudo é muito confuso e indeterminado, de modo que precisamos intervir para definir com precisão o quê seja o quê.

                            Ora, uma parte da atividade da Aracruz se faz no campo, porque ela deve obter celulose, que vem de árvores (no caso, eucaliptos) plantadas, cortadas, picotadas, transformadas em pasta de celulose, que é então branqueada, enrolada, posta em caminhões - não sei se trens - e navios e vendida dentro ou fora do Brasil. O que é eminentemente agrícola e extrativista e o que é industrial? O que é plantio e extração e o que é transformação? Até chegar à extração é agropecuário/extrativista; já o processo de transformação é industrial. Então, os valores da transformação industrial não podem ser acreditados aos processos A/E.

                            Só porque uma indústria está no campo, no espaçotempo rural, não quer dizer que deixou de ser indústria, PORQUE MIRAMOS A ATIVIDADE e não o local onde ela se dá. Se fosse feita na Lua seria setor lunático? Quais são as categorias? É indústria tanto no campo quanto na cidade, porque a classificação quanto ao espaço é outra, não cabe na mesma categoria.

                            Então, os valores acrescentados pela transformação vão à conta de industrialização, não cabendo nos negócios A/E, ditos agronegócios, que devem ser exclusivamente aqueles gerados por atividades não-industriais, não-comerciais, não de serviços e não-bancários.

                            Se adotarmos esses critérios veremos que os chamados “agronegócios” são muito menos vultosos do que se diz. Adotar critérios se diz SER CRITERIOSO; na falta de ser criterioso nem saberemos do que estamos falando.
                            Vitória, sexta-feira, 17 de outubro de 2003.

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