Que Furo!
No mesmo Conhecer, tomo X, p. 2.056, há esta
passagem:
“Diz uma lenda que a
delicadeza da pele de Cleópatra, rainha do Egito, era cultivada com a ingestão
de pérolas asiáticas dissolvidas em vinho. A lenda não explica se as pérolas
eram usadas para neutralizar a acidez do vinho. Mas conta como elas eram
obtidas. Mercadores persas e muçulmanos, a duras penas, atravessavam os mares
em frágeis naus, para buscá-las no Sul da Ásia”, negrito e colorido meus.
Cleópatra (69 a 30
a.C., apenas 39 anos entre datas, nem chegou a quarentona) foi rainha do Egito,
sempre muito rico, o que explica a “pele tão delicada”. Os muçulmanos
apareceram com Maomé (570 a 632), profeta do Islã, que só começou a se expandir
após esta data. Até então não existiam muçulmanos. Entre eles e Cleópatra vão
lá pelo menos 660 anos, porisso eles não poderiam ter colhido pérolas para a
delicadíssima rainha de ascendência grega ou macedônica dos ptolomeus, dinastia
reinante.
Alguém cometeu aí um
erro abismal.
Todos podem cometer
erros, como diz o povo “herrar é umano”, mas em se tratando de livros de
geo-história e de enciclopédias isso deve ser vigiado, o que nos permite tocar
no assunto. Dizem (não vi as avaliações) que o governo federal repudiou
centenas de livros que estavam circulando há anos, recomendados por professores
e logicamente pelas descuidadas editoras aos alunos, como portadores de grandes
discrepâncias.
É sabido que os
editores (muitas vezes injustamente detratados pelos autores) são extremamente
cuidadosos, fazendo ler e reler para corrigir a ortografia, pesquisando junto
às fontes, dando os textos a ler a diferentes pessoas e professores de
português, etc. E é por uma boa razão, para afastar o detestável argumento “ad
hominem”, dirigido ao autor, e não à obra, procurando contestar as idéias
atacando os erros ortográficos, por exemplo. Conhecer era e sempre foi, em suas sucessivas edições,
enciclopédia muito boa, tenho várias.
Mas que foi um furo
tremendo lá isso foi mesmo.
Vitória,
sexta-feira, 16 de maio de 2003.
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