Que Feio!
No volume IV da
enciclopédia Conhecer (São Paulo,
Abril, 1967), p. 838, está escrito: “Mas o famoso historiador grego Heródoto
informa que já os medos, antecessores dos persas, puniam ofensas graves com o
suplício na cruz. Bom grego que era, Heródoto se revoltava contra a crucifixão
por considerá-la um atentado ao senso estético. Esse sentimento, aliás, era
partilhado pelo povo grego em geral, de modo que no antigo mundo helênico tal
prática nunca chegou a se divulgar”.
Que coisa feia!
Tão sensíveis, os
gregos! Depois, claro, se renderam à crucifixão representativa, e ao crucifixo,
e já não o acham feia (mas, ainda bem que achavam e continuam achando a
crucifixão feia, pois o ato é horrível mesmo); ortodoxos que são, crêem em
Cristo e na cruz, pois vêem corretamente que esta é apenas um símbolo, símbolo
forte ao nível humano como doação e símbolo da configuração do universo.
Como disse a Clarice
Lispector noutro contesto, tudo aquilo que achamos feio agora é porque ainda
não cumpriu seu ciclo; quando o fizer acreditaremos que é belo. Enfim, OS
CONJUNTOS NÃO ESTÃO PRONTOS PARA A BELEZA. A beleza, reino da deusa, que é lado
do corpo, também têm sua utilidade na composição ou criação geral, no chamado
Plano da Criação, ou Desenho de Mundo, como prefiro chamar.
Que coisa feia, da
parte de Heródoto, e dos gregos em geral de então, considerar o não-grego como
feio, bárbaro, como na época diziam. Sempre é fácil não aceitar, porque é
cômodo, não depende de pensar e de imaginar, de usar o intelecto e a emoção.
Pelo contrário, VER OS MOTIVOS DOS OUTROS é amá-los, como pediu Cristo – amai
ao próximo como a si mesmos, isto é, amai o conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral do
próximo, amai suas formas de tecnartes, amai os seus empregos nas 6,5 mil
profissões, amai sua cultura e civilização, amai suas PESSOAS (indivíduos,
famílias, grupos, empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e
mundo). Amai a suposta feiura do próximo até que ela vos pareça bonita, através
do entendimento que permitirá o compartilhamento.
Vitória,
quinta-feira, 15 de maio de 2003.
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