quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017


Programa Tropical

 

                            Desde quando vi na Rede Cognata (veja no Livro 2, Rede e Grade Signalíticas) que paradigma = PROGRAMA = PROJETOS = PENSAMENTOS = PISTAS, etc., compreendi que há um seccionamento, um balizamento entre duas travas, à esquerda e à direita, além das quais os pesquisadores do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) são instados de muitos modos a não ir, a não se aventurar.

                            Assim sendo, se há programa, há PROGRAMA DOMINANTE, aquele que está acima e à frente dos demais, por exemplo, o do primeiro mundo, que os demais seguem, refletida ou irrefletidamente, parcial ou totalmente ignorantes de sua independência postulável, e DOMINÂNCIA DE PROGRAMA, o fato de que dentro do PD há um ou mais de um programa (s) dominante (s).

                            Em nosso mundo o PD (paradigma dominante) é o do primeiro mundo, dentro destes aqueles que mais fascínio têm pela Burguesia geral, em toda parte do planeta, e pelos quais as elites têm mais simpatia. Os programas subservientes a estas podem também prejudicá-las, conforme mostra a dialética, de modo que tendem a serem expurgados, colocados para fora, defenestrados. E, dentre aqueles a que elas se opõem inicialmente podem despontar programas que no fundo as beneficiam, e que elas, mais à frente, ou até muito mais adiante, incorporarão, digamos aqueles que eram ou pareciam ser revolucionários, mas prestam serviço de classe.

                            Do ponto de vista dos chamados “excluídos” (de quê?) - pensemos nos terceiros e quartos mundistas tropicais -, seria fundamental eleger aquelas pesquisas e buscas que favorecessem abertamente os que se devotam a gêneros divergentes de pensamentos e sentimentos, esses tais que querem uma ordem distinta de admissões, que não são apenas as antigas e até agora irredutíveis, e sim novas, assim postulando a aceitação de outros no cortejo da igualdade.

                            Teriam estes de escolher um PROGRAMA TROPICAL, redesenhando os marcos civilizatórios, isto é, conceituais, reposicionando as idéias que interpretam as superfícies mostradas. Isso, como sabemos, não é fácil, nem ninguém disse que seria. Emergir de si para coragens novas não é um piquenique em dia de sol e céu de brigadeiro. Exige coragem e enfrentamento dos paradigmas dominantes e opressivos.
                            Vitória, sexta-feira, 06 de junho de 2003.

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