Marshall
Latinamericano
Aquele que seria o
general George Marshall nasceu e morreu nos EUA (1880 a 1959, 79 anos entre
datas). Foi chefe do Estado-Maior do exército americano durante toda a Segunda
Guerra Mundial (1939 a 1945), depois embaixador na China, a seguir secretário
de Estado, por último secretário da Defesa, renunciando em 1951.
Lá por 1948 elaborou
o que se tornou o Plano Marshall de assistência aos países da Europa Ocidental.
De um modo ou de
outro os EUA ajudaram os vencidos.
Agora, com o NAFTA
(North American Free Trade Agreement, Acordo Norte-Americano de Livre
Comércio), do qual participam o Canadá, os EUA e o México, mercê das
facilidades de importação-exportação o México tem crescido muito. Se vai
acontecer a mesma coisa com a América Latina restante, em especial as Américas
Central e do Sul, particularmente o Cone Sul, o Mercosul, eu não sei.
Em todo caso o
México vem crescendo desde 1995, por oito anos seguidos, quando se pensava que
meramente seria incorporado aos EUA, sendo sugado por este. O que se viu foi o
crescimento avantajado, que pode beneficiar também a América do Sul, em
particular o Brasil. As elites daqui, sôfregas por exploração do povo a preço
vil, talvez se ressintam da admissão, porque ela implica regras a obedecer,
REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS, o que quer dizer terras rurais e urbanas,
coisas, casas e apartamentos, etc.
EM TODO CASO
significará pressão enorme sobre o Brasil, no sentido de contemporanização e
pós-contemporanização, quer dizer, adaptação ao mundo pós-1991, depois da queda
da URSS.
Na prática a ALCA
(Acordo de Livre Comércio das Américas) significará não acredito que a
hegemonia norte-americana, mas sim, com toda certeza, pressão inconcebível POR
ATUALIZAÇÃO de tudo, das PESSOAS (dos indivíduos, das famílias, dos grupos, das
empresas), dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações, mundo
latinamericano). Um Plano Marshall LA, que implicará em as elites locais terem
de cortar um dobrado para se adaptarem à constrição de atualização das Américas
atrasadas à contemporaneidade EM TUDO e por todos os lados. Na medida em que a
LA se atualizar isso impulsionará a Europa e a Ásia, daí retornando, em ondas
que virão e irão numa velocidade crescente, na medida do estreitamento dos
vínculos. Que é que os povos daqui podem esperar de melhor? Ficar nas mãos
gananciosas das elites locais por mais 50 anos? Veja o que aconteceu no Brasil
com a reserva de mercado para as empresas de computação daqui: nos atrasamos 20
anos em troca de nada, a não o enriquecimento (ilícito) de uns tantos
bandidinhos bem situados politicamente.
A compressão,
verdadeiro esmagamento, vem em boa hora, quando nós não conseguimos mais
conviver com os destratos, os maltratos, as covardias das elites locais, o
vampirismo socioeconômico que sangra-nos sem nada dar de volta.
Na realidade devemos
aplaudir a Iniciativa para as Américas, do governempresa americano, porque
embora ela possa ter alguns propósitos ruins que conseguimos ver ou não, ainda
será melhor do que continuar na mesmice de uma exploração unilateral que já
dura cinco séculos.
Vitória,
sexta-feira, 06 de junho de 2003.
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