quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017


Marshall Latinamericano

 

                            Aquele que seria o general George Marshall nasceu e morreu nos EUA (1880 a 1959, 79 anos entre datas). Foi chefe do Estado-Maior do exército americano durante toda a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), depois embaixador na China, a seguir secretário de Estado, por último secretário da Defesa, renunciando em 1951.

                            Lá por 1948 elaborou o que se tornou o Plano Marshall de assistência aos países da Europa Ocidental.

                            De um modo ou de outro os EUA ajudaram os vencidos.

                            Agora, com o NAFTA (North American Free Trade Agreement, Acordo Norte-Americano de Livre Comércio), do qual participam o Canadá, os EUA e o México, mercê das facilidades de importação-exportação o México tem crescido muito. Se vai acontecer a mesma coisa com a América Latina restante, em especial as Américas Central e do Sul, particularmente o Cone Sul, o Mercosul, eu não sei.

                            Em todo caso o México vem crescendo desde 1995, por oito anos seguidos, quando se pensava que meramente seria incorporado aos EUA, sendo sugado por este. O que se viu foi o crescimento avantajado, que pode beneficiar também a América do Sul, em particular o Brasil. As elites daqui, sôfregas por exploração do povo a preço vil, talvez se ressintam da admissão, porque ela implica regras a obedecer, REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS, o que quer dizer terras rurais e urbanas, coisas, casas e apartamentos, etc.

                            EM TODO CASO significará pressão enorme sobre o Brasil, no sentido de contemporanização e pós-contemporanização, quer dizer, adaptação ao mundo pós-1991, depois da queda da URSS.

                            Na prática a ALCA (Acordo de Livre Comércio das Américas) significará não acredito que a hegemonia norte-americana, mas sim, com toda certeza, pressão inconcebível POR ATUALIZAÇÃO de tudo, das PESSOAS (dos indivíduos, das famílias, dos grupos, das empresas), dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações, mundo latinamericano). Um Plano Marshall LA, que implicará em as elites locais terem de cortar um dobrado para se adaptarem à constrição de atualização das Américas atrasadas à contemporaneidade EM TUDO e por todos os lados. Na medida em que a LA se atualizar isso impulsionará a Europa e a Ásia, daí retornando, em ondas que virão e irão numa velocidade crescente, na medida do estreitamento dos vínculos. Que é que os povos daqui podem esperar de melhor? Ficar nas mãos gananciosas das elites locais por mais 50 anos? Veja o que aconteceu no Brasil com a reserva de mercado para as empresas de computação daqui: nos atrasamos 20 anos em troca de nada, a não o enriquecimento (ilícito) de uns tantos bandidinhos bem situados politicamente.

                            A compressão, verdadeiro esmagamento, vem em boa hora, quando nós não conseguimos mais conviver com os destratos, os maltratos, as covardias das elites locais, o vampirismo socioeconômico que sangra-nos sem nada dar de volta.

                            Na realidade devemos aplaudir a Iniciativa para as Américas, do governempresa americano, porque embora ela possa ter alguns propósitos ruins que conseguimos ver ou não, ainda será melhor do que continuar na mesmice de uma exploração unilateral que já dura cinco séculos.

                            Vitória, sexta-feira, 06 de junho de 2003.

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