quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017


Mascate

 

                            Aparece uma nave espacial alienígena moderníssima e enorme próxima do planeta Terra e depois do susto inicial, começando o diálogo, os aliens iniciam a venda de um monte de coisas avançadíssimas, de aparelhos de antigravidade a holotelevisores, vacinas gerais, robôs, fábricas automatizadas, escavadores de profundidade, dessalinizadores, tudo que nós humanos ainda não sabemos fazer, como geradores nucleares de fusão, programas que nunca, jamais dão defeito, decodificadores instantâneos de todo os genomas de todas as criaturas da Terra, conversores solares eficientíssimos, xeno-dicionarienciclopédicos lindíssimos, enfim infinitos artigos em troca de coisas terrestres que temos em abundância.

                            As pessoas ficam felicíssimas, claro, imaginando tratar-se de criaturas muito boas, que zelam pela felicidade humana, deuses benévolos que vem em nosso socorro com a última palavra da tecnociência.

                            Eles vão embora, com o agradecimento devotado de toda a humanidade, arrancada da pregressa idade das trevas, podendo enfim saltar um degrau na escalada da evolução, quando pouco depois aparece outra nave incomensuravelmente mais bonita e perfeita, com as criaturas revelando-se como policiais que caçam bandidos que enganam os roceiros vendendo tralhas e bugigangas, tudo ultrapassado e caduco, coisas de museu.

                            Isso recolocará o relativismo cultural de Jonathan Swift, em Gulliver (Dublin, Irlanda, 1667 a 1745, 78 anos entre datas), em termos espaciais. O universo é vasto, rico, poderoso além da imaginação humana.

                            Vitória, domingo, 01 de junho de 2003.

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