quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017


Lendo FC

 

                            Como já disse, a FC (ficção científica, na realidade FT, ficção tecnológica, porque só os cientistas fazem FC) poderia ser a melhor das prosas, posta em mãos competentes, porque por princípio deve reinventar TODA A PSICOLOGIA (reinvenção das figuras ou psicanálises, reinvenção dos objetivos ou psico-sínteses, reinvenção das produções ou economias, reinvenção das organizações ou sociologias, reinvenção dos espaçotempos ou geo-histórias), vá ler os textos em que investiguei isso. Não é como na prosa ordinária, em que tudo está mais ou menos pronto em nossas cabeças e só deve ser rearranjado para que vejamos os novos cenários particulares em que ocorrerão as tramas.

                            Na FC até 100 % de tudo deve ser reinventado. Poderíamos até ver a qualidade dela nesse quesito, a saber, quanto foi reinventado. Poderíamos dizer de FC-10, em que 10 % tenham sido reinventados, até FC muito mais densas em que 90 % tivessem sido reestruturados.

                            Em todo caso tenho aí uns 600 livros de FC e li quase todos, exceto os intragáveis. Não me deixei tocar pelo preconceito dos sábios de plantão, aqueles que julgam a FC gênero menor. De fato, perderam tempo, porque poderiam ter feito coisas formidáveis, alucinantes em sua perfeição e potência, obras primas que permaneceriam para sempre. Poucos que saíram no Brasil até certa época não terei comprado, além dos de Portugal; revistas; álbuns, tudo mesmo, até os magazines que vieram com o nome de Isaac Asimov. Vi filmes, séries, tudo mesmo.

                            Diverti-me extraordinariamente, ri à beça, minha consciência expandiu-se em todas as direções e sentidos. Passo os livros aos meus filhos, que também aproveitam à vontade em memoráveis leituras.

                            Creio que faltam livros de FC, mais gente deveria se dedicar a eles; faltam traduções brasileiras de todos os países do mundo, das obras mais significativas. Falta gente se empenhando, falta ensinaprendizado nas escolas. Falta ainda muita coisa. Falta a dignificação do gênero, de preferência os otários saindo da frente e parando de falar besteira.

                            Boas horas de leitura nos dão esses livros. Hoje estou relendo-os, por prazer e para comentá-los. Toda civilização que se pretenda tecnocientífica e de ponta, de primeiro mundo, deve implementar o gênero.

                            Vitória, domingo, 08 de junho de 2003.

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