Sonha-Dor
MIGR/AÇÃO DOS
NASCIDOS
(copiado de Espalhamento e
modificado) – cada qual de baixo sonha com passar para cima e para o nível
superior de consumo e autoconsumo, consumo de si.
E
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D
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C
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B
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A
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Miseráveis.
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Pobres.
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Médios.
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Médio-altos.
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Ricos.
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Herdeiros das dívidas.
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Herdeiros das dúvidas.
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Herdeiros das divididas.
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Os que nascem em berço de ouro, de platina ou
de prata (ou de mina de cobre ou de qualquer metal nobre ou pedra preciosa)
sonham em ter mais e mais, quer seja do trabalho de papai, quer seja do trabalho
de mamãe (muito menos vezes: onde as mulheres colocam o dinheiro delas?), quer
dizer, sonham em herdar em vida ou depois da morte – é melhor os coroas viverem
porque assim os filhos não têm de trabalhar, já pegam prontinho. Os filhos dos
pobres sonham com os irmãozinhos crescerem logo para herdar as roupas e sapatos,
ou com o 13º de papai ou de mamãe.
Em todo caso, os seres humanos sonham com ter
coisas, objetos infindáveis. Não fomos treinados para ter pouco ou, menos
ainda, ter com satisfação, mas para desejar ter sempre mais, para tantas vezes
logo em seguida abandonar num canto.
BRINQUEDOS QUEBRADOS (são retratos da
volubilidade do ser humano, desde os pequenos até os pequenos-adultos; de
videogames a carros, a tudo mesmo – não há treinamento para a satisfação, o
prazer simples, a sensação de completude, a dignidade da posse contida, nada) –
não são só os deuses que ficaram loucos, os seres humanos também, sonham com a
dor, são sonha-dores. Aprendendo desde cedo a mal-tratar. A humanidade
abandonada.
Novas monstruosidades inventadas.
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Motivação para tratar mal os ursos.
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Quando crescer vai ser relaxado com os
carros.
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Juntam os produtos de terceira com os
cuidados de terceira.
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Somos convidados à aceitação do desleixo e
ensinados a procurar milhares de objetos. E como para adquirir precisamos de
dinheiro trocável, devemos trabalhar (fora o pessoal do PT e todos que desviam
verbas, sonegadores, etc.), teremos milhares de distanciamentos aflitivos antes
de (talvez) ter, para logo em seguida quebrar e abandonar.
Mais comedidamente, fui assim também, é o
ambiente em que vivemos, é como nos comportamos coletivamente no modelo de vida
que nos foi administrado tanto pelos estímulos quanto pela falta de cuidados
sobre vida pausada.
Sonhamos e com os sonhos de posse vem a dor
da ausência, até chegarmos a ter. Depois da posse a insatisfação leva a nova
busca, novo ter, novo abandono, novas carências, mais ajuntamento – e vamos
pela vida empencados, atulhados de objetos.
Para compreender nossa coletividade e os
indivíduos, basta ir aos lixões; é interessante notar que os psicólogos (mais
uma vez deixaram passar) não vão aos aterros sanitários investigar nossas
sociedades.
Ah! Quanto atraso.
Serra, segunda-feira, 14 de dezembro de 2015.
GAVA.
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