domingo, 25 de dezembro de 2016


Escola de Línguas

 

                            Dizem que existem três mil línguas e mais cinco mil dialetos, totalizando oito mil, das quais os seres humanos que foram mais longe chegaram a aprender, sei lá, 50 ou 60, o que já um absurdo. Quem consiga três ou quatro, incluindo a própria, já foi bem longe.

                            Normalmente as escolas de línguas ensinam uma, em geral agoraqui o inglês, que é falado quase em toda parte pelos ricos (vou tomar como 5 %, o índice brasileiro) e os médios-altos (15 %), mais alguns pobres esforçados. Portanto, no mundo, um bilhão de duzentos milhões, para quinhentos milhões de falantes naturais.

                            Seja o inglês, o alemão, o italiano, o japonês, ensina-se a língua com desconsideração das demais, ao passo que na planetarização ou mundialização ou globalização desejamos algo além, algo mais. Já preguei a chamada inserção ou imersão lingüística, que consistiria em construção de verdadeiras cidades, mas aqui quero mais: escolas que pensem em todas as línguas simultaneamente. É impraticável ensinar todas elas, até mais que algumas, mas nem porisso precisamos deixar de pensar em todas, no que é a Língua geral, e no seu processo de matematização, como Psicologia/p.3 que é, mais longe ainda, Informática/p.4, Cosmológica/p.5 e Dialógica/p.6 (neste caso a tecnociência geral de diálogo com o universo).

                            Daí, se pudéssemos colocar essas novas escolas, elas teriam essa dimensão planetária, sendo franqueáveis em todo o planeta. O propósito não seria apenas o de ensinar algumas línguas, mas de ensinar humanização mesmo, a interpenetração de todos os seres humanos, para os novos propósitos.

                            É preciso um punhado de dinheiro para chegarmos até esse ponto, mas a serventia será termos diálogo com todos os seres humanos, sem ser necessário o forçamento para desaparecimento de quase toda a riqueza da diversidade linguística e a sobreposição daquelas poucas línguas tidas como as melhores, em razão da alta produtividade socioeconômica dos povos que as falam. Como estamos perdendo três espécies biológicas/p.2 por dia, estamos também perdendo espécies psicológicas/p.3, inclusive línguas e dialetos, o que é um desastre total.
                            Vitória, terça-feira, 27 de agosto de 2002.

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