quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


Eficiência da Epistemologia

 

                            A Epistemologia é a teoria do conhecimento, de episteme, conhecimento ou ciência, e logia, estudo ou reflexão. Estuda especificamente os ramos do saber científico, mas poderia fazê-lo com todo o Conhecimento, a saber, Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática.

                            Infelizmente, é claro, só se volta para a Ciência.

                            Agora, devemos perguntar se é eficiente.

                            Evidentemente cada palavra do Dicionário e cada pessoa (indivíduo, família, grupo e empresa) da Enciclopédia (aliás, esta só se refere aos indivíduos) estão ligadas a todos os adjetivos pares polares opostos/complementares. Por exemplo, vida boa e vida ruim, controle eficiente e ineficiente, informação favorável e desfavorável, e assim por diante.

                            A epistemologia (em letra minúscula a da Ciência) e a Epistemologia (em letra maiúscula a do modelo) podem ser eficientes e ineficientes, positivas e negativas, verdadeiras e falsas, quantitativas e qualitativas, etc.

                            Por EPISTEMOLOGIA QUANTITATIVA deveríamos entender aquela que abarca grandes volumes de dados, o conjunto das proposições, sua conexividade geral, sua consistência total. Por EPISTEMOLOGIA QUALITATIVA entenderíamos a que se dirige aos particularismos, à coerência de cada prova excepcional, como a um teorema na Matemática.

                            E, mais importante que tudo, deveríamos procurar saber se a epistemologia é eficiente. Ela cumpre seu papel satisfatoriamente? É competente para os propósitos pelos quais foi estabelecida? Para isso, creio, devemos perguntar pela sua NEGATIVIDADE e sua POSITIVIDADE, pela sua capacidade de contestar ou de provar os elementos manifestados pela Ciência. Isto é, a Ciência tanto se nega quanto se afirma?

                            Penso que por enquanto ela mais se afirma que se nega.

                            Não vejo nenhum cientista estudando a Ciência com o rigor do opositor. Parece que todos desejam afirmar a eficiência da Ciência, NUNCA a sua ineficiência. SE não buscamos negar a eficiência da construção civil, como saberemos se ela gasta pouco ou muito em relação aos recursos que usa, aos bens que pleiteia? Poderia fazer mais com menos? Se não há oposição, como saber se há justeza, exatidão, afinação rigorosa, exploração máxima dos objetos (de cada um e de todos entre si)?

                            A Ciência usa bem o dinheiro e os recursos humanos que extrai da sociedade? Acredito que no início, quando tudo era difícil para ela, há 500 e até há 50 anos atrás, a resposta era sempre sim, porque tudo era apertado e havia oposição. Nos dias que correm, não, começou a não haver, porque todos só sabem bater palmas para os cientistas e seus produtos. Os cientistas relaxaram e estão dormindo em berço esplendido. Ninguém procura mais saber se a busca científica do conhecimento é adequada à nossa pobreza geral (lembre-se que há dois bilhões de pessoas passando fome, 1/3 da humanidade).

                            Ninguém contesta a Ciência e os cientistas, não há alguém que faça a investigação dos métodos e sua eficiência na relação benefício/custo. E não apenas em CUSTO PASSADO, o que gastamos do que já produzimos, mas também em CUSTO FUTURO, o que iremos gastar como subproduto da má ciência.

                            Enquanto tal estudo em negativo não for feito a epistemologia continuará ineficiente, pois não há quem estude a própria epistemologia.

                            Vitória, domingo, 11 de agosto de 2002.

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