domingo, 25 de dezembro de 2016


Central de Negócios

 

                            No livro Não Durma no Ponto (o que você precisa saber para chegar lá), São Paulo, Gente, 1999, p. 47, o autor, Roberto Adami Tranjan, diz na nota 4: “Empresa Progressista é aquela que prosperará na Era do Conhecimento (...)”. 

                            Como mínimo fica cravado o conceito de Era do Conhecimento. É claro, todas as eras são do conhecimento, a humanidade não vive de outra coisa. Aliás, espécie nenhuma. Deveríamos precisar que esta é, depois do Escravismo e do Feudalismo, a Era do Conhecimento Capitalista (veja o texto Era do Conhecimento, se eu tiver tempo de escrever), e de terceira onda, claro. Não tocaremos diretamente nesse ponto, agoraqui, e sim em outro.

                            Tomando certo que seja, como ele diz, a Era do Conhecimento, o que devemos fazer frente a ela?

                            Se é EC, então tudo nela deve ser relativo ao conhecimento.

                            Porisso se fôssemos colocar uma, deveria ser uma Central de Negócios de Conhecimento, quer dizer, de transferência, de compra e venda de conhecimentos variados. Deveríamos ver-nos como vendedores e compradores de conhecimentos, de info-controles, até chegando a ter um Banco de IC, conforme eu já sugeri.

                            No livro de Kevin Davies, Decifrando o Genoma (a corrida para desvendar o DNA humano), São Paulo, Cia. das Letras, 2001, Venter, o criador da Celera, perguntado sobre que tipo de companhia era a sua, disse que ele não estava vendendo produtos da Biologia e sim informações. Lógico, SÃO INFORMAÇÕES BIOLÓGICAS, não há como negar, mas são, antes de tudo, informações, porque não existe nada além disso e de controle, mutuamente intercambiáveis.

                            Então, para começar, teremos sempre CENTRAIS DE CONHECIMENTO. Ora, se produtos em geral são mais pesados e perfeitamente furtáveis, mais ainda o é o conhecimento, de modo que a única maneira de não ser garfado é andar adiante numa velocidade tão estonteante que não haja modo de tirarem-nos tudo, e desejavelmente percamos bem pouco. Um volume tão extraordinário de info-controle que seja virtualmente inexpugnável. E do mesmo modo estaremos misturando os nossos com os dos outros, interpenetrando, de modo a exponencializar ainda mais rápido.

                            Nossas centrais de negócios devem ser vistas como pontos de troca e de combinação de info-controle ou comunicação, espalhando os agentes num ritmo crescente, até que tenhamos negócios com virtualmente todas as criaturas. Multiplicação virótica, usando os próprios vírus como contaminantes dos outros. Extrema maleabilidade ou flexibilidade, soltando tudo, criando modelos de gerência anti-cristalizantes, anti-enrijecedores. A própria voracidade alheia, seu atabalhoamento nos trará os elementos de que necessitamos. Quer dizer, usar a avidez dos vermes para atraí-los para co-digestão. Deixemo-los vir. Quando chegarem nos alimentaremos mutuamente, em mutualismo.

                            Vitória, domingo, 25 de agosto de 2002.

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