Preso
nas Cadeias da Intriga
A intriga não pode
ter fundo genético, não há um gene-da-intriga, mas ela vem do mesmo conjunto de
genes onde são representadas as falhas humanas, todavia portadoras de valor de
sobrevivência, isto é, tais falhas conduzem ao futuro, como o medo faz o
indivíduo se esconder, preservando-o e permitindo-lhe ter descendência, que
propaga o medo, reduzido em até 50 % no cruzamento seguinte (ou aumentado).
A intriga é uma
corrente vindo do passado e através do presente indo ao futuro espalhar sua
letalidade, seu veneno. Entrementes, os elos da corrente da intriga, suas
cadeias, podem ser mensuradas, podem ser conhecidas.
AS CADEIAS DA INTRIGA
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1. inimizade
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2. medo
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3. desconfiança
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4. falsidade
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E outras.
Como a pessoa se
decide pela maledicência, o mal dizer?
Há alguma competência
nisso.
Pois quem intriga
está medindo a psicologia de quem irá ouvir, a modo de ver se será aceitável
sem prova; a de quem fala, se tem autoridade para iludir; a de quem está
ausente – se a falsificação colará na face conhecida do intrigado.
É uma arte? Comporta
beleza? Se for arte, não é coletiva, porque nunca vi reunião de intriguentos. E
se comporta beleza esta não foi classificada, nem houve qualquer concurso.
É uma técnica? Pode
ser melhorada pelos estudos científicos? Até onde sabemos não deve ser técnica
ou pelo menos não foi estudada a fundo, exceto pelos governos nazi-fascistas.
Talvez um pouco pela propaganda quando ataca os outros publicistas.
Devemos concluir que
a intriga é arte, mas solitária, começa de novo com cada aderente. Felizmente
não prosperou enquanto veneno, não se coletivizou, não se tornou motivo de
pesquisa & desenvolvimento. Ainda que não tenha prosperado na coletividade,
alguns são artistas solitários bastante competentes em intrigar, desenvolvendo
em si aqueles antivalores acima: 1) a inimizade leva ao 2) medo, que propele à
3) desconfiança, que empurra à 4) falsidade, que leva ao ato de intrigar.
Parece que o
Congresso está cheio disso, bem como os corredores do poder onde, segundo
dizem, fervilham as intrigas. Nunca estive lá, não posso dizer. Como os
deputados são eleitos de quatro em quatro anos e os senadores de oito em oito,
a renovação nos diz que os eleitos devem ser, segundo as chances, 50 % de
intriguentos.
Essa lógica acabou
por me ameaçar e decidi não prosseguir nas investigações. Não quero nem ter
inimizade.
Serra, quinta-feira,
12 de abril de 2012.
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