Critérios de
Demolição
Com a evolução até 2050 da população a uns 12
bilhões e 120 anos depois a redução a dois bilhões sobrariam já muitas
construções de todo tipo, ⅚ de então,
mais de 80 % de quase o dobro de agora, digamos uns 150 % do que temos, o que é
muito.
Mais ainda, como se trata de construir
milhões, centenas de milhões de anéis com os parquescolas no centro sobrará
muito pouco de interessante no patrimônio atual, exceto por bastante dever ser
preservado para representar a geo-história porca de até agoraqui, de total
desprestígio da gente quase toda, quer dizer, dos 80 % que não são ricos ou
médio-altos e até mesmo deles. De fato, o que existe de edificações medonhas não
está no gibi, é um absurdo mesmo, uma enormidade indizível, pantragruélica.
Entrementes, o que demolir?
Quem é que sabe o que vale a pena manter?
Pois veja, embora eu seja a favor de manter o
esforço humano, aproveitando ao máximo as construções antigas para fazer o
novo, a verdade é que logo de cara as favelas, as palafitas, os lixões, os
alagados, os bairros de lata teriam mesmo de sumir (o que demorará mais, pois
os ricos e médio-altos irão à frente, adotando o modelo e financiando os
outros). Depois, há tudo de torto, de enjambrado, de empenado, de
não-condizente com a mínima beleza: tudo que está posto em não-retângulos,
espremido entre lotes, todas as esquisitices.
A seguir vem as coisas construídas às margens
de rios na zona de proteção ciliar, em mangues, à beira de lagoas, de praias,
em ilhas onde não se deve fazer nada e todo gênero de construção ecologicamente
deplorável, bem como os prédios feios por natureza ou descuido dos projetistas,
os perigosos, os velhos demais, tudo aquilo que a consciência atenta aconselhar
fazer desabar sem dó nem piedade. Há os prédios com projetos ruins de
engenharia e arquitetura, aqueles não-artísticos e assim por diante. Em vez de
aproveitar esses materiais ruins é preferível apenas implodir tudo, retirar os
entulhos do terreno, limpar, revitalizar o solo, replantar, atingir clímax
florestal e vital.
Quando às partes da demolição, faz sentido
reduzir literalmente tudo a pó muito fino, uma mistura daquilo que for
triturado e passado na peneira servindo para novos tijolos segundo alguma
fórmula futura.
O objetivo, certamente, é desnudar os lotes,
milhões deles em todo o planeta para no lugar reconstruir a primeira natureza
biológica-p.2 com fungos, plantas, animais e primatas. Nisso levaremos uns 100
anos ou menos, até o planeta ficar inteiramente limpo dos desacertos.
São dois movimentos:
1) O de construção
exponencial dos anéis às centenas de milhões em 150 anos;
2) O de desconstrução
geral, restando apenas o que for geo-historicamente relevante, segundo os
critérios de demolição.
Vitória, sexta-feira, 13 de julho de 2007.
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