sexta-feira, 6 de julho de 2018


Eu Penso Logo Eu Existo

 

A frase original está em toda parte (cogito ergo sum, que coloco como “cogito EGO sum”: penso logo existo). É evidente que há um sujeito oculto, “eu”, como no título: “Eu Penso Logo Eu Existo”.

SUJEITO OCULTO (no dicionário Aurélio Século XXI)

Sujeito oculto.  E. Ling. 1. O que se acha subentendido na oração, mas é passível de ser identificado.

O que está oculto é o “eu” na frase em português, aquele que fala. Quem é esse “eu” que fala? Não posso ser eu que escrevo, porque sei nitidamente não ser a origem de tudo que existe, apenas de uma fração ínfima; e assim é com todos e cada um. Não é você, porque você não cria tudo; numerosíssimas coisas estão fora de nós e nos chegam todos os dias sem que ajamos e até sem pensarmos. Mesmo sem pensarmos em todas as coisas elas continuam surgindo e acontecendo.

Então, é outro EU, um “eu” geral que existe quando existo e existe quando não existo (antes de nascer e depois de morrer). Sei que penso, identifico claramente; mas o meu pensar não é fonte do meu existir, pois havia um momento sempre antes que posso rastrear no tempo em que emergir em consciência e coisas de que me falam e de que não me lembro da mais remota infância. Posso ver que meus filhos não se lembram de uma fase da vida deles, antes dos quatro anos e, no entanto, existiam; existiam também no útero. Então, quando me dizem que existi no útero por similitude posso acreditar, porque vejo constantemente exemplos de existência no útero de seres sendo pacientemente formados dia a dia.

Pelo fato de tudo ser finito, vejo que pode haver o não-finito como oposto-complementar; e deduzo que se existem os “eus” finitos deve haver um EU não-finito que sempre esteve em toda parte e sempre aconteceu.

Embora eu pensar demonstre que existo o existir não vem do pensar – apenas posso identificar pelo pensar que há um “eu” que existe e que precede o pensar: “eu” penso. O “eu” vem antes do pensar. Não é o pensar que faz o “eu”, pelo contrário, é o “eu” (coloco aspas porque não sabemos ainda o que é o “eu”) que faz o pensar: EU penso. “Eu”, depois “penso”. Então, posso dispensar o “penso” como motivante, como causa, e passá-lo a efeito: o “eu” é causa e o pensar é efeito, definitivamente.

Sei que existem as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundo) que, operando, proporcionam sustentação a mim e a todos os demais. Antes de atingir a fase de trabalhar e prover meu sustento outros me sustentaram; e depois de começada, sei que faço trocas do pouco que faço pelo que fazem os outros e necessito. Parece-me que o “eu” é exagerado; e sei que bilhões de anos se passaram sem “eu” fazer nada. Então, a fonte não sou “eu” senão residualmente, um infinitésimo qualquer.

RELAÇÃO DAS CAUSAS

1.                   Eu
2.                  Penso
3.                  Eu existo

“Eu” faço o pensar, já vimos, mas não faço o “eu”, porque “eu” é que estou identificando tudo, toda a clareza do pensar. Se o “eu” é clareza, identificação, então havia algo antes do “eu” que era a não-clareza, porque clareza significa emanação e emanação é algo saindo de coisa precedente, do não-eu, o consciente saindo do inconsciente. Minha ideia de existir vem de algo não-claro e inconsciente:

Inconsciente
Consciente-eu
Pensar

Através do pensar posso saber que existo determinadamente, mas essa determinação vem do “eu”, sobre o qual paira dúvidas; e o “eu”-consciente vem do inconsciente, que não é “eu”, não tem ideia clara.

Penso, está claro que existo, pois pensar é a mesma coisa que existir; mas “eu” também é o mesmo que existir e só de dizer “eu” já é dizer “existir”. Entrementes, o “eu” vem do inconsciente, isto é, de processos que ignoramos. O determinado vem do indeterminado. Como o ciclo está incompleto, deve haver um determinado antes.

Bastaria dizer “eu sou” (como disse Deus a Moisés). DE fato, a Rede Cognata aponta que eu = 0/0, negação da negação, inexistência: daí - somente - SOU e a frase seria traduzida como “sou logo sou”, uma tautologia, de que viveu Descartes e todos os que se apoiaram nele durante (2006 – 1596) mais de 400 anos.

O primeiro pensamento, através do qual qualifico que existo, sou, vem do inconsciente, do sentimento de existir sem palavras e pensamentos. Aliás, pela RC, sou = PRIMEIRO = UM = SÓ = EMOÇÃO = PAIXÃO = ANIMAIS = PENSAR e palavra = PENSAMENTO = FALAR e segue. Para ser não preciso de pensamentos ou palavras, só da emoção de ser. Assim, os animais também são, sem autorização nossa, como deve ser, pois nos precederam, existiram antes de existirmos, desde a primeira alga e a primeira ameba há 3,8 bilhões de anos. Então, definitivamente não é o pensar que faz o existir, é o existir que faz o pensar e pensar vem antes das palavras, embora depois do “eu” e finalmente podemos ver que “eu” coincide com o inconsciente e não com o consciente: os animais também são “eus”. Todos somos. “Eu” e “pensar” são a mesma coisa e não constituem atributo dos seres humanos: toda sombra de emoção já é pensar. A palavra é memória exterior, mente coletiva.

Assim, se o “eu” já estava na primeira ameba e não foi ela que construiu o universo, de duas uma ou as duas: ou não foi nenhum eu ou foi o EU, acaso ou necessidade, ou ambos.

Vitória, domingo, 11 de fevereiro de 2007.

 

A FRASE CLÁSSICA DE DESCARTES

Descartes e suas Máscaras
O filósofo francês René Descartes, morto em 1596, foi um dos fundadores do moderno movimento racionalista ao tempo em que introduziu a dúvida como elemento primordial para a investigação filosófica e científica. A partir dele, as ciências físicas e naturais liberaram-se da escolástica e da religião, dando início a sua impressionante marcha ascendente para a consagração no mundo moderno.

Cogito ergo sum

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
René Descartes (1596 - 1650)
René Descartes (1596 - 1650)
Cogito, ergo sum é uma conclusão do filósofo e matemático francês Descartes, que significa penso, logo existo.Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Cogito_ergo_sum"
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário