Eu Penso Logo Eu
Existo
A frase original está
em toda parte (cogito ergo sum, que coloco como “cogito EGO sum”: penso logo
existo). É evidente que há um sujeito oculto, “eu”, como no título: “Eu Penso
Logo Eu Existo”.
SUJEITO OCULTO (no
dicionário Aurélio Século XXI)
Sujeito
oculto. E. Ling. 1. O que se acha
subentendido na oração, mas é passível de ser identificado.
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O que está oculto é o
“eu” na frase em português, aquele que fala. Quem é esse “eu” que fala? Não
posso ser eu que escrevo, porque sei nitidamente não ser a origem de tudo que
existe, apenas de uma fração ínfima; e assim é com todos e cada um. Não é você,
porque você não cria tudo; numerosíssimas coisas estão fora de nós e nos chegam
todos os dias sem que ajamos e até sem pensarmos. Mesmo sem pensarmos em todas
as coisas elas continuam surgindo e acontecendo.
Então, é outro EU, um
“eu” geral que existe quando existo e existe quando não existo (antes de nascer
e depois de morrer). Sei que penso, identifico claramente; mas o meu pensar não
é fonte do meu existir, pois havia um momento sempre antes que posso rastrear
no tempo em que emergir em consciência e coisas de que me falam e de que não me
lembro da mais remota infância. Posso ver que meus filhos não se lembram de uma
fase da vida deles, antes dos quatro anos e, no entanto, existiam; existiam
também no útero. Então, quando me dizem que existi no útero por similitude
posso acreditar, porque vejo constantemente exemplos de existência no útero de
seres sendo pacientemente formados dia a dia.
Pelo fato de tudo ser
finito, vejo que pode haver o não-finito como oposto-complementar; e deduzo que
se existem os “eus” finitos deve haver um EU não-finito que sempre esteve em
toda parte e sempre aconteceu.
Embora eu pensar
demonstre que existo o existir não vem do pensar – apenas posso identificar
pelo pensar que há um “eu” que existe e que precede o pensar: “eu” penso. O
“eu” vem antes do pensar. Não é o pensar que faz o “eu”, pelo contrário, é o
“eu” (coloco aspas porque não sabemos ainda o que é o “eu”) que faz o pensar:
EU penso. “Eu”, depois “penso”. Então, posso dispensar o “penso” como
motivante, como causa, e passá-lo a efeito: o “eu” é causa e o pensar é efeito,
definitivamente.
Sei que existem as
PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES
(cidades-municípios, estados, nações e mundo) que, operando, proporcionam
sustentação a mim e a todos os demais. Antes de atingir a fase de trabalhar e
prover meu sustento outros me sustentaram; e depois de começada, sei que faço
trocas do pouco que faço pelo que fazem os outros e necessito. Parece-me que o
“eu” é exagerado; e sei que bilhões de anos se passaram sem “eu” fazer nada.
Então, a fonte não sou “eu” senão residualmente, um infinitésimo qualquer.
RELAÇÃO DAS CAUSAS
1.
Eu
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2.
Penso
|
3.
Eu existo
|
“Eu” faço o pensar,
já vimos, mas não faço o “eu”, porque “eu” é que estou identificando tudo, toda
a clareza do pensar. Se o “eu” é clareza, identificação, então havia algo antes
do “eu” que era a não-clareza, porque clareza significa emanação e emanação é
algo saindo de coisa precedente, do não-eu, o consciente saindo do
inconsciente. Minha ideia de existir vem de algo não-claro e inconsciente:
Inconsciente
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![]() |
Consciente-eu
|
![]() |
Pensar
|
Através do pensar
posso saber que existo determinadamente, mas essa determinação vem do “eu”,
sobre o qual paira dúvidas; e o “eu”-consciente vem do inconsciente, que não é
“eu”, não tem ideia clara.
Penso, está claro que
existo, pois pensar é a mesma coisa que existir; mas “eu” também é o mesmo que
existir e só de dizer “eu” já é dizer “existir”. Entrementes, o “eu” vem do
inconsciente, isto é, de processos que ignoramos. O determinado vem do
indeterminado. Como o ciclo está incompleto, deve haver um determinado antes.
Bastaria dizer “eu
sou” (como disse Deus a Moisés). DE fato, a Rede Cognata aponta que eu = 0/0,
negação da negação, inexistência: daí - somente - SOU e a frase seria traduzida
como “sou logo sou”, uma tautologia, de que viveu Descartes e todos os que se
apoiaram nele durante (2006 – 1596) mais de 400 anos.
O primeiro
pensamento, através do qual qualifico que existo, sou, vem do inconsciente, do
sentimento de existir sem palavras e pensamentos. Aliás, pela RC, sou =
PRIMEIRO = UM = SÓ = EMOÇÃO = PAIXÃO = ANIMAIS = PENSAR e palavra = PENSAMENTO
= FALAR e segue. Para ser não preciso de pensamentos ou palavras, só da emoção
de ser. Assim, os animais também são, sem autorização nossa, como deve ser,
pois nos precederam, existiram antes de existirmos, desde a primeira alga e a
primeira ameba há 3,8 bilhões de anos. Então, definitivamente não é o pensar
que faz o existir, é o existir que faz o pensar e pensar vem antes das
palavras, embora depois do “eu” e finalmente podemos ver que “eu” coincide com o
inconsciente e não com o consciente: os animais também são “eus”. Todos somos.
“Eu” e “pensar” são a mesma coisa e não constituem atributo dos seres humanos:
toda sombra de emoção já é pensar. A palavra é memória exterior, mente
coletiva.
Assim, se o “eu” já
estava na primeira ameba e não foi ela que construiu o universo, de duas uma ou
as duas: ou não foi nenhum eu ou foi o EU, acaso ou necessidade, ou ambos.
Vitória, domingo, 11
de fevereiro de 2007.
A FRASE CLÁSSICA DE DESCARTES
Descartes e suas Máscaras
O filósofo francês
René Descartes, morto em 1596, foi um dos fundadores do moderno movimento
racionalista ao tempo em que introduziu a dúvida como elemento primordial
para a investigação filosófica e científica. A partir dele, as ciências
físicas e naturais liberaram-se da escolástica e da religião, dando início a
sua impressionante marcha ascendente para a consagração no mundo moderno.
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Cogito ergo sum
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
René Descartes (1596 - 1650)
Cogito,
ergo sum é uma conclusão do filósofo
e matemático francês
Descartes, que
significa penso, logo existo.
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