Cine-Teatro
Tem me intrigado o
cinema brasileiro não inspirar a gente, nem produzir nada de bom e notável a
ponto de chamar atenção mundial.
Conversamos bastante
meu filho Gabriel e eu e das idéias dele e minhas foi apontada por ele a
atuação teatral do cinema nacional: os atores e atrizes atuam como se estivesse
cara a cara com o público, fazendo propaganda de si. Agem na tela como se o
público estivesse na boca de cena do teatro. De fato, no Brasil o nome original
da sala de projeção era cine-teatro e havia até bem pouco tempo atrás em cada
sala construída um tablado, como se fosse haver apresentação de peças: uma
projeção plana diante da tela como fossem se apresentar as bandas do cinema
mudo de 100 anos atrás ou músicos em show. Como se diante da tela de TV
houvesse um plano, um avanço para as figuras saírem dela para os aplausos ao
final do espetáculo.
FAZENDO BOCA (projetando a
necessidade de aplausos)
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É que os artistas
brasileiros ainda se apresentam para papai e mamãe, é coisa de roça, não é
profissional: há um envolvimento, como na TV, com quem está na sala assistindo.
Até não faz muito tempo se batia palmas durante os filmes. Apupavam, como se as
figuras dos artistas pudessem ouvir.
Os artistas daqui
querem os aplausos antes de merecê-los. A luta pela sobrevivência do mais apto
desceu até o ponto do comadrismo, o excesso da convivência das comadres, da
troca de amenidades; não esperam pelo sucesso efetivo, pelo agrado do público,
já contam com a manifestação favorável do povo, haja o que houver. O Rio de
Janeiro faz filmes para São Paulo e vice-versa. Não contemplam a totalidade do
país nem a sua presença no mundo, quer dizer, sua maioridade.
Vitória, terça-feira,
20 de março de 2007.
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