segunda-feira, 16 de julho de 2018


Cine-Teatro

 

Tem me intrigado o cinema brasileiro não inspirar a gente, nem produzir nada de bom e notável a ponto de chamar atenção mundial.

Conversamos bastante meu filho Gabriel e eu e das idéias dele e minhas foi apontada por ele a atuação teatral do cinema nacional: os atores e atrizes atuam como se estivesse cara a cara com o público, fazendo propaganda de si. Agem na tela como se o público estivesse na boca de cena do teatro. De fato, no Brasil o nome original da sala de projeção era cine-teatro e havia até bem pouco tempo atrás em cada sala construída um tablado, como se fosse haver apresentação de peças: uma projeção plana diante da tela como fossem se apresentar as bandas do cinema mudo de 100 anos atrás ou músicos em show. Como se diante da tela de TV houvesse um plano, um avanço para as figuras saírem dela para os aplausos ao final do espetáculo.

FAZENDO BOCA (projetando a necessidade de aplausos)

http://www.sc.df.gov.br/paginas/tncs/fotos/tncs_14.jpg
http://www.sol.sc.gov.br/fcc/images/cic2.gif

É que os artistas brasileiros ainda se apresentam para papai e mamãe, é coisa de roça, não é profissional: há um envolvimento, como na TV, com quem está na sala assistindo. Até não faz muito tempo se batia palmas durante os filmes. Apupavam, como se as figuras dos artistas pudessem ouvir.

Os artistas daqui querem os aplausos antes de merecê-los. A luta pela sobrevivência do mais apto desceu até o ponto do comadrismo, o excesso da convivência das comadres, da troca de amenidades; não esperam pelo sucesso efetivo, pelo agrado do público, já contam com a manifestação favorável do povo, haja o que houver. O Rio de Janeiro faz filmes para São Paulo e vice-versa. Não contemplam a totalidade do país nem a sua presença no mundo, quer dizer, sua maioridade.

Vitória, terça-feira, 20 de março de 2007.

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