Trinta e Cinco
Quilos de Amor e Dois Quilos de Vigilância
Tenho insistido porque é importante:
os cachorros constituem a alma externa dos pais-filhos e refletem-nos, ao passo
que os gatos são retratos das mães-mulheres, econômicos como elas. Os cães são
gastadores de energia e desprevenidos como o lado masculino.
O cão labrador Silas do meu filho
tem uns 35 kg, daí o título; é impressionante como se sente idêntico a Gabriel,
chegando a saltar do chão em êxtase ou arrebatamento de felicidade.
Movimenta-se muito quando Gabriel chega da faculdade ou quando ele acorda, é
delicioso ver. A gata persa Yuki de minha filha Clara não passa muito de dois
quilos e é extremamente atenta sentada sobre as patas traseiras, com as patas
dianteiras para frente: não gasta um grama de energia-equivalente
excessivamente. Fica pousada muito tempo vigiando os insetos e os passarinhos
ofensivos da Caverna geral remota.
A presença de ambos me trouxe muitas
chances de pensar, e convicções sobre o passado humano, como venho colocando nos
textos, vá ler. Posso ver os poucos guerreiros (somente 10 a 20 %) cercados de
centenas de cães saindo às caçadas. Como já disse, antes desses animais os
seres humanos comiam carniça ou animais pequenos e foi com eles que passamos a
dominar a Terra. Não fazemos mesmo idéia precisa do quanto devemos a eles. O espalhamento
da humanidade deveu-se em parte aos cereais e em parte aos cães (e aos gatos,
que serviram de babás para as crianças nas cavernas).
Não é à toa que a expansão dos
sapiens coincide mais ou menos com o aparecimento de cães e gatos.
Toda uma nova linha de pesquisa
antropológica, arqueológica e geo-histórica dessa dupla associação deve ser
seguida, com bastante dinheiro, pois a nossa racionalidade pôde se dilatar com
base nesses dois apoios formidáveis.
Vitória, sábado, 04 de novembro de
2006.
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