quinta-feira, 24 de maio de 2018


Trinta e Cinco Quilos de Amor e Dois Quilos de Vigilância

 

Tenho insistido porque é importante: os cachorros constituem a alma externa dos pais-filhos e refletem-nos, ao passo que os gatos são retratos das mães-mulheres, econômicos como elas. Os cães são gastadores de energia e desprevenidos como o lado masculino.

O cão labrador Silas do meu filho tem uns 35 kg, daí o título; é impressionante como se sente idêntico a Gabriel, chegando a saltar do chão em êxtase ou arrebatamento de felicidade. Movimenta-se muito quando Gabriel chega da faculdade ou quando ele acorda, é delicioso ver. A gata persa Yuki de minha filha Clara não passa muito de dois quilos e é extremamente atenta sentada sobre as patas traseiras, com as patas dianteiras para frente: não gasta um grama de energia-equivalente excessivamente. Fica pousada muito tempo vigiando os insetos e os passarinhos ofensivos da Caverna geral remota.

A presença de ambos me trouxe muitas chances de pensar, e convicções sobre o passado humano, como venho colocando nos textos, vá ler. Posso ver os poucos guerreiros (somente 10 a 20 %) cercados de centenas de cães saindo às caçadas. Como já disse, antes desses animais os seres humanos comiam carniça ou animais pequenos e foi com eles que passamos a dominar a Terra. Não fazemos mesmo idéia precisa do quanto devemos a eles. O espalhamento da humanidade deveu-se em parte aos cereais e em parte aos cães (e aos gatos, que serviram de babás para as crianças nas cavernas).

Não é à toa que a expansão dos sapiens coincide mais ou menos com o aparecimento de cães e gatos.

Toda uma nova linha de pesquisa antropológica, arqueológica e geo-histórica dessa dupla associação deve ser seguida, com bastante dinheiro, pois a nossa racionalidade pôde se dilatar com base nesses dois apoios formidáveis.

Vitória, sábado, 04 de novembro de 2006.

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