sexta-feira, 25 de maio de 2018


Deus de Sandálias

 

Quando a gente vê um-qualquer na rua naturalmente não dá nada por ele, parece mesmo qualquer um; e no geral vai ser, porque os famosos, ricos, poderosos, sábios, santos e outras criaturas apreciadas neste mundo vivem apartadas, separadas dos demais, até porque seriam assediadas se convivessem. Ademais, há os bajuladores, os aduladores de plantão que vivem rodeando os muito requeridos.

Ninguém vai imaginar um poderoso como simples.

Chamei de i (ELI, Elea, Ele/Ela, Deus Natureza) o não-finito que está para além da compreensão e da percepção dos racionais. Se i viesse à Terra (ou a qualquer mundo racional) encarnaria nalgum rico? Dificilmente, porque não há nada além dele em riqueza de ser-ter tudo, e poder ser o que quiser quando quiser e onde quiser. Viria para olhar, para – estando no meio dos enjeitados, dos recusados, dos pobres – ver como é tudo de muito perto mesmo, assim como Cristo fez.

Na Rede Cognata sandálias = POBRES = SANTOS = SUJOS = PUTOS = SADIOS = SÁBIOS = POMBAS = PRETOS = PARDOS = POLÍTICOS = SADIOS = SONHADORES = PRÁTICOS e segue.


Por conseguinte, Deus-i pode estar por aí de sandálias observando os seres humanos, medindo-nos, sentindo-nos; ou, se Deus não vier, os anjos ou os imortais, quem sabe? Pode não haver ninguém, serem só pobres desconhecidos mesmo, mas pode ser Deus. Não é bom zombar, é ou não é?
Vitória, sexta-feira, 10 de novembro de 2006.

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