sábado, 9 de setembro de 2017


Veneno da Vingança

 

                        BALEIRO QUE DÁ BALA (bala que usarei): Zeca Baleiro - Banguela

favela não é hotel
porteiros de libré e boné  na porta de barraco na favela
vida não é novela
TV no palco mostrando apenas parte da cena que extrapola o retângulo dela, mostrando que a Vida e a Vida-racional não cabem nela
qual é a graça desgraça
que há no riso do banguela
os espectadores devem receber na entrada bocas de papel com dentes manchados, estragados, cariados; rostos talhados de faca
mulher é pro carinho
os homens devem receber luvas de boxe colocadas na ponta de varas para tocar o rosto das mulheres
vinho que a uva deu
deserto é do camelo
novelo de teseu
(?)
tesão vira barriga
todas as menininas bem jovenzinhas tendo inumeráveis filhos; uma toneladas de garotinhas todas barrigudinhas
briga de foice mata
tremendas baixarias dos parlamentos através do mundo
na rede da intriga
jornais pendurados em varal
tem sérvio e croata
a guerra do Kosovo sendo travada em Nova Iorque
tudo que é urso hiberna
tudo que é peito sangra
um urso sangrando, um peito hibernando, tudo ao contrário, um mundo vil
bomba de hiroshima
explodirá em angra
Síndrome da China em Angra dos Reis dilatando-se para no mapa atingir o Rio de Janeiro e todas as cidades demarcadas, com gente saindo apressada em migração, em fuga, como em ID4, Independe Day
cabeça não é pinel
cabeças dos governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo, dos juizes do Judiciário, dos grandes empresários justapostas em doidos dos hospícios (processo de fusão cuidadosa em computação gráfica)
cabelo vira trança
dança de pigmeu
os rastafari equivocados dançando uma dança que dará em precipício

As pessoas devem dançar como se estivessem tropeçando para cair à esquerda e à direita.

Nas paredes do teatro devem estar colocadas palavras “vinganda” em várias línguas, todas de que as pessoas possam fazer a tradução. Muitas repetições, o ritmo obecessivo como sempre de modo a criar horror na platéia, gerando a expectativa (falsa, claro) re revolta popular iminente e de cobrança divina dos malfeitos humanos.
Vitória, segunda-feira, 28 de Março de 2005.

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