Veneno
da Vingança
BALEIRO QUE DÁ BALA (bala que
usarei): Zeca Baleiro - Banguela
favela não é hotel
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porteiros de
libré e boné na porta de barraco na
favela
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vida não é novela
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TV no palco
mostrando apenas parte da cena que extrapola o retângulo dela, mostrando que
a Vida e a Vida-racional não cabem nela
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qual é a graça desgraça
que há no riso do banguela
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os espectadores
devem receber na entrada bocas de papel com dentes manchados, estragados,
cariados; rostos talhados de faca
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mulher é pro carinho
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os homens devem
receber luvas de boxe colocadas na ponta de varas para tocar o rosto das
mulheres
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vinho que a uva deu
deserto é do camelo
novelo de teseu
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(?)
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tesão vira barriga
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todas as
menininas bem jovenzinhas tendo inumeráveis filhos; uma toneladas de garotinhas
todas barrigudinhas
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briga de foice mata
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tremendas
baixarias dos parlamentos através do mundo
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na rede da intriga
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jornais
pendurados em varal
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tem sérvio e croata
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a guerra do
Kosovo sendo travada em Nova Iorque
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tudo que é urso hiberna
tudo que é peito sangra
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um urso
sangrando, um peito hibernando, tudo ao contrário, um mundo vil
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bomba de hiroshima
explodirá em angra
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Síndrome da
China em Angra dos Reis dilatando-se para no mapa atingir o Rio de Janeiro e
todas as cidades demarcadas, com gente saindo apressada em migração, em fuga,
como em ID4, Independe Day
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cabeça não é pinel
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cabeças dos
governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo, dos juizes do
Judiciário, dos grandes empresários justapostas em doidos dos hospícios
(processo de fusão cuidadosa em computação gráfica)
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cabelo vira trança
dança de pigmeu
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os rastafari
equivocados dançando uma dança que dará em precipício
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As
pessoas devem dançar como se estivessem tropeçando para cair à esquerda e à
direita.
Nas paredes do teatro devem estar colocadas palavras “vinganda” em várias
línguas, todas de que as pessoas possam fazer a tradução. Muitas repetições, o
ritmo obecessivo como sempre de modo a criar horror na platéia, gerando a
expectativa (falsa, claro) re revolta popular iminente e de cobrança divina dos
malfeitos humanos.
Vitória,
segunda-feira, 28 de Março de 2005.
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