O Pontífice Perini,
os Conflitos da Língua e a Língua Padrão
O já citado Mário A.
Perini de Sofrendo a Gramática diz
no livro de que tenho o quarto capítulo (As
Duas Línguas do Brasil): “Imagine a pessoa falando, e verá que sua fala é
perfeitamente natural. Mas escrita ela choca um pouco, porque está
cheia de traços que não costumamos encontrar em textos escritos: ”, negrito e
itálico meus.
No decorrer do
capítulo ele fala da língua padrão.
Perini promove a
aceitação do povo pelas elites e vive-versa, dizendo que há duas línguas no
Brasil, o português, que é a língua padrão escrita (diríamos que das elites), e
o vernáculo, que é a língua materna (diríamos que do povo). Constrói uma ponte
ou pelo menos a possibilita, assim como João Gilberto fez muito tempo antes na
música unindo o popular com o erudito na bossa nova, como já falei tantas
vezes. É um pontífice, um construtor de pontes, que bem devem ser construídas.
A verdade é esta: as
elites desprezam o falar do povo, como desprezam quase tudo do povo BRASILEIRO.
O povo das elites brasileiras é qualquer outro, menos o daqui. Porisso as
elites AQUI PRESENTES (mas não daqui) advogam outros povos como solução, seja o
americano sejam os europeus ou até o japonês, menos o daqui, do qual tem
ojeriza, ou aversão ou asco.
E da passagem acima
frisada é possível tirar que existem as linguagens naturais - que vem da Natureza,
no caso a psicológica - que são sempre as dos povos; e as linguagens
artificiais, que são apuradas por qualquer psicologia nacional. Como já sabemos
do modelo, geografia é futuro, guerra, espaço, povo; história é passado, paz,
tempo, elites – e bem podemos ver que os primeiros sempre substituem as
últimas. Então, a língua-do-povo, o vernáculo, como ele chama, substituirá o
português (é assim que são inventadas as línguas novas) no Brasil.
Os conflitos que a
língua-natural não-padronizada aponta acabarão por vencer e se instalar nos
dicionários do futuro. O povo vencerá as elites, como sempre acontece, porque
as elites surgem e findam e o povo persiste, ele vai ao futuro em busca de suas
satisfações (que são tão grandes quanto suas insatisfações, quase todas
pendentes – é porisso que ele vai ao futuro, pois só no futuro é possível
satisfazer-se).
Vitória, sábado, 30
de abril de 2005.
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