quarta-feira, 20 de setembro de 2017


O Discípulo Mais Genial de Pitágoras

 

                            No livro citado, Strathern diz repetidamente que talvez não tenha sido Pitágoras a descobrir o teorema que leva seu nome. Há chance, claro, como em tudo, como há de um meteorito descer suavemente e pousar no topo da Torre Eiffel. Haver há, contudo, não é provável.

                            Isso dos discípulos ou alunos serem os verdadeiros autores vem dos amargurados mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos atuais que são obrigados pelos doutores, pós-doutores ou pesquisadores de campo a trabalhar para eles, que colocam apenas seus nomes como autores, ou como principais idealizadores, dizendo dos verdadeiros autores somente “et alli”, que acompanham. Ou simplesmente roubam a idéia e colocam seus nomes. Isso acontece com os mestres menores, que necessitam defraudar, não com os mestres maiores, os grandes mestres que são reconhecidamente em seu tempo as origens das coisas.

                            É possível, mas não é provável.

RAZÕES PARA NÃO SER ASSIM

1.       Foi Pitágoras que viajou por toda parte;

2.       Se tivesse sido qualquer discípulo teria havido gritaria geral, um escândalo que teria vazado através da história;

3.      Enquanto (como mostrei) há linhas ligando Pitágoras a seu mestre Anaximandro para duas propostas (metempsicose e números), não há nenhuma ligando Pitágoras a um seu aluno;

4.      Se tivesse havido tal aluno genial ele teria deixado mais coisas e provavelmente teria levado um subgrupo para formar uma nova escola (não há rastros disso);

5.      Outras direções-sentido que você pensará.

É mais fácil pensar o mais simples: que foi Pitágoras mesmo.

O mais genial aluno de Pitágoras foi ele mesmo, que depois apenas 50 anos de começada a Filosofia foi autodidaticamente capaz de estabelecer suas bases, fazendo o mesmo com a matemática que vinha engatinhando empiricamente com os mesopotâmicos e com os egípcios por três milênios.

Há uma tendência dos pequenos de tentar diminuir os grandes.

A fama foi para Pitágoras, e deve ter sido ele mesmo. Ninguém diz que foi um discípulo de Einstein ou de Bohr ou de Rutherford. Por quê? Porque está tão perto que há prova de que foram eles mesmos. Se passar tempo suficiente daqui a dois milênios dirão que foram seus alunos e não eles.

Vitória, sábado, 30 de abril de 2005.

 

                            ET ALLI (acompanha um exemplo)              

NOTAS/NOTES
RECITEC, Recife, v.2, n.3, p.164-176, 1998
QUALIDADE NO EMPREGO E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS: O CASO BRASILEIRO
Cézar Augusto Miranda Guedes
Professor adjunto do Departamento de Ciências Econômicas
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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