A Resposta Quase
Completa de Al-Kindi e o Desvio de Ibn Sina
No livro de Abrão e
Coscodai, História da Filosofia, São
Paulo, Best Seller, 2002, p. 111, elas dizem:
“Al-Kindi (século
IX) é o primeiro a formular esse problema: como o intelecto humano pode
apreender a essência das coisas, se pelos sentidos só é possível conhecer que
elas existem? A solução encontra-se na Inteligência, sempre em ato que
transcenda o intelecto humano e que tenha o conhecimento das essências. É ela
que torna possível o conhecimento, fornecendo ao intelecto humano as essências
(ou formas) e fazendo-o passar da potência ao ato”.
Ou seja, como é que
as potências (“a essência das coisas”) em poder do UM revelam-se aos racionais
(“se pelos sentidos”), que são incompletos diante do não-finito? Pois,
sabidamente, eles jamais podem alcançar a solução completa. Os racionais sabem
que as coisas existem, mas a solução integral está fora da órbita da
existência, pertence ao reino da essência. Ora, a solução completa é que as
coisas comportam dupla-existência ou dupla-essência, elas são, nos termos do
modelo, essênciexistências, quer dizer, elas ESSENCIALMENTE-EXISTEM. Existir já
é existir-em-essência, tendo essa co-ligação de direção única com os dois
sentidos dos pares polares opostos/complementares.
O prego que existe
já é o mesmo prego essencial do Desenho do Mundo, como digo, ou do Plano da
Criação, como dizem os religiosos. O conjunto de todas as essências é o mesmo SUPERCONJUNTO
PROJETADO da essência única. De cada ponto-essência nasce um cone de
existências em todas as alturas, larguras e profundidades dos mundos possíveis,
isto é, dos mundos que forem mesmo existir.
Diz Al-Kindi [801-873,
primeiro grande filósofo islâmico (ver Islã). Estudioso da filosofia grega,
traduziu para o árabe as obras de Aristóteles. Através de seu pensamento,
influenciado pelo neoplatonismo e pelo aristotelismo medieval, Al-Kindi tentou
dotar de fundamento filosófico a escola teológica dos mutazilitas, palavra que
significa dissidente e denominava uma seita que pregava o livre arbítrio e uma
interpretação racionalista dos textos religiosos. Os mutazilitas recusavam
idéias radicais sobre fé e fidelidade. Enciclopédia Microsoft® Encarta®. ©
1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados]: a Inteligência (em maiúsculas o
conjunto das inteligências operantes) é que traz em si o poder de des-cobrir as
essências a partir da existência, pois a Inteligência é parente-descendente do
UM, o Uno de Plotino. Na Bíblia o ser humano (Adão) é filho de Deus. Al-Kindi
foi em cheio e viu a solução.
Elas dizem à página
112:
“No campo
filosófico, Avicena, como Al-Farabi, concebe uma série hierarquizada de
Inteligências agentes, das quais a última dá a forma à matéria, fazendo com que
as coisas sejam o que são, e ao intelecto humano, tornando possível o
conhecimento. Também concorda com Al-Farabi quando à distinção entre a essência
e a existência, mas acrescenta a essa questão algumas precisões”.
Para começar é essa
hierarquia que permite a existência dos padres, dos sacerdotes, dos pastores,
mas Avicena (Ibn-Sina) [980-1037, filósofo e médico nascido na Pérsia,
responsável pela sistematização da filosofia islâmica. Seu nome é Abu Ali
al-Usain Abdala Ibn Sina, latinizado para Avicena. Considerado um dos maiores
filósofos islâmicos (ver Islã), escreveu sobre medicina, metafísica, lógica,
astronomia, matemática, retórica e música. Médico famoso, serviu a diversos
sultões. Seu Cânon de Medicina, traduzido para o latim (ver Língua latina) no
século XII, foi a principal fonte de referência da medicina medieval. As
observações que fez sobre a evolução e o tratamento da varíola foram praticadas
até o século XVIII. Estudioso de Aristóteles, Avicena, porém, não criou teorias
próprias baseadas no pensamento do filósofo grego. Influenciado pelo
neo-platonismo (ver Platão), tentou construir uma teosofia mística que pudesse
servir de sustento ao islamismo. Sua obra mais conhecida, Quita ash-Shifa (O
livro da cura), é um compêndio de tratados sobre os mais variados assuntos, da
lógica, metafísica e antropologia aristotélica às ciências naturais. O
pensamento de Avicena é considerado um dos precursores do Renascimento], sendo
uma estação repetidora de Al-Farabi (873? -950, filósofo islâmico. Foi um dos
primeiros difusores das doutrinas de Platão e Aristóteles no mundo árabe e um admirador do neoplatonismo de Plotino. Exerceu grande influência sobre Avicena e Averroés. Partindo da supremacia da verdade filosófica sobre
a verdade revelada, Al-Farabi formulou
uma religião universal em relação a qual todas as outras seriam meras
expressões simbólicas), vai aquém, ele regride.
AL-KINDI plotiniano 801-873
AL-FARABI
aristotélico ?873-950
IBN-SINA aristotélico 980-1037
Foi uma regressão da
solução anterior. Avicena repetiu Al-Farabi, que foi regressão em relação a
Al-Kindi, todos eles copiando os gregos (sem dar crédito).
Onde, de outro modo,
Al-Kindi tinha coligado essência e existência via Inteligência Al-Farabi e
Avicena recuaram para as posições separatistas (que depois Descartes -
1596-1650 - re-esposou, separando corpo material e espírito ideal, com grande
dano geral ainda não reparado de todo fora do modelo-pirâmide) e distinguem as
duas.
Portanto, Avicena
começou o desvio que levou ao cartesianismo e toda doença moderna e
contemporânea.
Vitória,
segunda-feira, 04 de abril de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário