Linha, Mínima
Possibilidade do Plano
Quando a gente olha
a estrada como serviço que está sendo prestado (o Estado interfere nas posses
daquelas propriedades por onde passa para liberar para cada um e todos a
passagem NAQUELA LINHA) esquece que a reta é o plano em estado mínimo e que num
plano matemático existem infinitas retas. A reta é a maior das contrações do
plano, o ponto o maior encolhimento da reta. Evidentemente uma estrada é muito
boa, sem dúvida alguma; pense só como era antigamente, quando não se podia
viajar ou os passantes tinham de parar a cada instante para pagar pedágio, sem
falar que as estradas eram precárias e curtinhas, fora as dos romanos, que
porisso mesmo ficaram famosas.
Mas a estrada é
APENAS UMA de todas que poderiam existir. E poderiam existir milhares. Vemos nela
uma escolha. Desse modo, o turismo é escolha CONVENCIONAL, de conjunto, de
média – é sempre ortodoxia e superortodoxia, é caminho supervisado e
superpisado, é vontade padronizada, é negação das vontades divergentes. O
turismo é acomodação, é a linha levada ao extremo da arrumação. É o prazer de
antigamente tornado trivial, exatamente porque se fixa nessas linhas
preferenciais, primazia de alguém.
O que há no espaço
de mais extremo é que ele tem muitos planos, infinitas visões, que são negadas
na medida em que se fica somente em um dos possíveis planos. O que estou
dizendo, é claro, é uma sugestão de se sair do ponto para ir à reta, sair de si
para seguir linha; de sair da linha algumas vezes para viver o plano em suas
tão maiores chances; de não ter planos para poder absorver todas as promessas
do espaço.
Há tanto mais além
dos caminhos trilhados! Eu mesmo quase não saio, mas é porque há tanto a fazer
e tão pouco tempo; sendo assim, não gosto muito de viajar, porque isso
significaria ter de deixar os livros e a máquina de escrever, antes, e agora o
computador. Para todos os que não estão nessa condição é bom temperar o
ortodoxo da linha com o heterodoxo da aventura no plano.
Vitória,
terça-feira, 04 de janeiro de 2005.
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