sábado, 24 de junho de 2017


Reensinando Geografia

 

                            A geografia sempre foi tida como coisa chocha [palavra das mais interessantes. No Aurélio digital: chocho, De choco2, poss. Adj.  1.  Sem suco; seco.  2. Sem miolo, sem grão; seco, engelhado.  3. Goro, choco (ovo). 4. Fig.  Oco, fútil, vão. 5. Fig.  Tolo, tonto, simplório.  6. enfraquecido, débil. 7. Sem graça, sem espírito, sem sal; insípido, insulso] e fastidiosa, assim tornada pelos poderosos e os historiadores reacionários. A história, por outro lado, que é apossamento do passado e das memórias em favor das elites, é suposta racional e penetrante, por oposição sendo a geografia irracional e bronca.

                            Como vimos, desde que mais recentemente temos olhado melhor a geografia, esta é a grande ciência psicológica, relativa a TODOS os conflitos, pois não há passado nem futuro, como sabemos há tanto tempo. O passado é o conjunto dos resíduos históricos mascarados (o passado atual é o passado que convenientemente restou, mascarado do real como VIRTUAL DE CLASSE), o futuro se fará, o presente é onde estamos lutando em nossos corpos (com as doenças que pegamos) e em nossas mentes a GRANDE LUTA. Estamos guerreando agoraqui, mesmo os que não sabem disso, mesmo aqueles que se recusam a ver. Luta que se desdobra em LUTA CORPORAL e LUTA MENTAL. A corporal tem como resultado todas as baixas entre os pobres ou médios-baixos e os miseráveis (classes D, E), na disputa com os ricos e médios-altos (classe A, B) e com a classe-dividida, C, classe-tampão, pelega que facilita ou amacia o peso dos de cima sobre os de baixo – classe que intermédia psicologicamente. E a luta mental se trava em nossas concepções, sob a forma de desvios, irracionalismos, definições erradas, perda de tempo de pesquisa, movimentos errados e infrutíferos.

                            Claro, como coisa docinha e apagadinha a geografia não tem mesmo interesse, não desperta ânsias em ninguém. Contudo, se mostrasse todos os choques que estão se dando e então usasse a história para explicar de onde vieram e como se compuseram, seria outra coisa. Se focasse os choques e os ampliasse racional e emocionalmente seria outra a visão dela e a participação no seu ensinaprendizado dilataria enormemente. Seria preciso estapear essa geografia safada que está aí, prostituta ordinária, tentando despertá-la de sua dormência histérica na base do tapa, na base da porrada. Essa é a tarefa urgentíssima dos novos geógrafos e dos novos historiadores. Essa será a nova formação de todos eles, numa renovação revolucionária tremenda da GH.

                            Vitória, sábado, 29 de maio de 2004.

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