Os
Tempos Inteiros e os Tempos Partidos
Como
já coloquei na questão dos regimes escolares antigos, eles eram inteiros, não
eram partidos como agora, por exemplo, no regime universitário de créditos.
Os
anos eram inteiros e as almas também. Existiam apenas dois semestres,
pertencendo ao mesmo ano, ao passo que agora os semestres são períodos contados
autonomamente e em vez de cinco anos de engenharia são 10 períodos. Tempos
partidos e almas partidas, rebentadas, dissolvidas. Quanto mal isso fez ao
separar os alunos e dissociá-los de seus mestres? A tese era obter uma
coletividade mais fluída, não presa aos valores ortodoxos nem àquela reverência
de fundo francês-europeu com os lentes, os professores. O que se obteve, de
fato? Ninguém estudou detidamente a questão, nem respondeu a ela. Já não há
ligação professor-aluno e aluno-aluno, foram todos dissociados, deixaram de ser
sócios no projeto educacional e, como dizem os idiotas, psico-pedagógico (não
existe pedagogia outra que não seja a racional ou psicológica, na Terra a
humana; porisso não convém a redundância).
Teve
algum esperto que decidiu rescindir nosso contrato com a inteireza, tanto
física quanto moral. Resultou daí que os alunos estudam de manhã, de tarde e às
vezes de noite, com isso indo à escola em três horários distintos, forçando o
sistema de transportes, interrompendo os horários de estudos, fragmentando as
consciências, rompendo as identificações.
Já
que a soma dos pares polares opostos/complementares é zero, sabemos de antemão
que houve benefícios e malefícios. Seria interessante uma sintanálise
qualificada e equilibrada do assunto, por um grupo de pesquisadores do Espírito
Santo e de grande capacidade. Foi bom para a coletividade aqueles camaradas lá
na retaguarda decidirem isso? Foi no bojo da ditadura: decisões escondidas e
sem discussão são adequadas e as melhores para nosso futuro? Isso deve ser
sopesado detidamente, com grande cuidado.
Vitória,
sexta-feira, 21 de Maio de 2004.
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