Mecânica GH e a
História do Povo
Como vimos em Mecânica GH, neste Livro 81, a história
é sempre sobre o passado e a geografia sempre sobre o presente. Como Gabriel
perguntou, respondi que a história (o que já havia dito antes de outro modo) é
o que explica a passassem entre os sucessivos planos G (i) (geográficos-i, i de
1 a n), MAS SEMPRE DO PASSADO, quer dizer, de quando as elites eram
hegemônicas. A história explica como se passa de G1 a G2 e a Gn, desde o
primeiro plano geográfico até o hoje; a geografia explica no hoje como as
consciências montam as mentiras históricas como favor de classe. Elas, as
elites não se tornaram ainda plenamente dominantes no presente, que é área de
memórias instáveis, que estão sendo feitas pelas inteligências. E o povo só tem
memória, que é a inteligência curtinha – O POVO EXISTE SOBRE O PRESENTE, linha
finíssima em que ainda não se deu dominância.
DEFINIÇÃO DE HEGEMONIA (no Houaiss digital)
Substantivo
feminino. 1, supremacia ou superioridade (cultural, econômica ou militar)
de um povo ou cidade-estado nas federações da Grécia antiga. Ex.: h. de
Atenas. 2, Derivação:
por extensão de sentido. Supremacia, influência preponderante (exercida
por cidade, povo, país etc.) Ex.: a h. que a União Soviética exerceu sobre os
demais países socialistas. 3, Derivação:
por extensão de sentido. Autoridade soberana; liderança, predominância ou
superioridade. Ex.: a h. dos negros na evolução do jazz. 4, Rubrica: política, sociologia. Na
tradição marxista, liderança política calcada no consentimento e não na
violência, esp. aquela que, na luta de classes, o proletariado industrial
exerce sobre o campesinato e sobre outros grupos submetidos da sociedade. 5,
Derivação: por
extensão de sentido. Rubrica: política, sociologia. Em Gramsci
(1891-1937), forma de exercício do poder, comum às sociedades modernas e a um
projeto de construção gradativa do comunismo, em que instrumentos, como a
geração de consenso, alianças e convencimento no âmbito cultural, são
priorizados em detrimento da violência.
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Quer dizer, no presente ainda há
tensões - intensos debates sobre domínio ou supremacia ou superioridade - não
resolvidas. No presente o povo ainda pode mudar a história, no passado não
mais. Ou, dizendo de outro modo, NO PLANO GEOGRÁFICO ou presente é que se trava
a guerra de classes, entre a classe dominante e a classe dominada, agora entre o
poder das burguesias e o querer dos povos. No agora, no aqui, no agoraqui é que
se travam ou se trabalham as batalhas da guerra geral. No passado todas as
tensões FORAM INTERPRETADAS, reduzidas, apequenadas, circunscritas pelo poder
burguês. Como as burguesias são dominantes, a História geral que sobreviveu é a
do seu domínio e a do domínio de suas verdades, tornadas incontestáveis; de sua
visão-de-mundo, de sua percepção-de-mundo, de seu desejo-de-mundo, de seu
Conhecimento (história das SUAS magias/artes, passado de SUAS
teologias/religiões, antigas-geografias de SUAS filosofias/ideologias,
recontagem das SUAS ciências/técnicas). Ou seja, a ciência que existe é a ciência dominante da burguesia, a que
lhe interessa (por exemplo, não lhe interessa uma CIÊNCIA DA LIBERTAÇÃO, assim
como também não a pedagogia da libertação de Paulo Freire – o único dos
desterrados que ainda não voltou, mesmo morto). Só interessa contar a história
da ciência-dominante, a ciência das burguesias, aquelas autorizadas por elas.
E
por que a Geografia geral não é favorecida?
É
porque ela é a HISTÓRIA DO POVO, devendo idealmente constituir a investigação
DE SUA DOMINAÇÃO PRESENTE. Ela poderia ser contestada, ao passo que a História
geral, não, esta não poderia, porque o povo não tem tempo, ele não pensa, ele
age através da memória, que é caos, insuportável às elites. Assim, a Geografia
é mantida em banho-maria, em condição subalterna, ela é diluída, esgarçada,
desfiada na qualidade de tecido-vivo, enquanto as elites favorecem o
ensinaprendizado das histórias porque elas louvam as burguesias, mostram como
elas foram grandiosas em PROVER PRESENTE (lutando em guerras, defendendo contra
os tiranos ou antidemocratas, etc.).
Vê-se
que os ideólogos populares REALMENTE comprometidos com os povos devem abandonar
as histórias como histórias-viciadas, falsificadas, e grudar nas histórias
não-falsificadas, nestas de hoje, de agoraqui, deste pontinstante onde
ferozmente estão se dando as disputas. Os ideólogos populares DEVEM ESTUDAR O
PRESENTE onde se dão as GUERRAS PELO AMANHÃ, não pelo ontem, embora não devam
descuidar de atacar as elites, obrigando-as a re-ver suas mentiras.
Pois
se hoje, dia 22/05/2004 é a G22052004, geografia do dia 22, ontem já é
história, não é mais geografia, é H21, vinda de H20 e assim por diante. Sobre
ontem já estão incidindo as mentiras das burguesias. E elas usam o jornalismo e
a cartografia, formas baixas ou técnicas das disciplinas
psicológicas-científicas história e geografia, para montar o esquema fresquinho
das mentiras que serão validadas.
Vitória,
sábado, 22 de maio de 2004.
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