Matrix e a
Economia de Números
No
artigo desde Livro 82, Números
Econômicos, vimos que a visão numérica nos permite sair da emoção de vestir
a roupa - aquela situação em que a riqueza de sensações nos distrai das
abstrações focalizadoras do pensamento – para o distanciamento onde podemos
raciocinar.
Isso
é muito útil.
Visualize
em termos plásticos a cena de Matrix em
que Neo pela primeira vez vê o Sr. Smith e seus companheiros como conjuntos de
números. Aí não existe mais arroz em silos, existem números, que são
comparáveis com outros números, que podem ser cotejados, que podem ser
manipulados (como já se faz há milênios). Dez maçãs tendem a ser emocional e
visualmente bem diferentes de dez espigas de milho, mas 10 e 10 são iguais. É
claro que é moralmente errado considerar pessoas como números,
despreocupando-se da dimensão humana. Entrementes, se há uma matriz de números
pode-se considerar uma TOPOLOGIA DE NÚMEROS, uma geografia de números, uma
história de números, aprendendo-se muito mais, especialmente de pudermos chegar
às cártulas ou cartuchos. Distanciando-se do emocional será muito mais fácil
tratar com as relações de números, os conflitos de números, as soluções de
números, a associação de números. Fala-se de CHOQUE DE LITERALIZAÇÃO, o primeiro
quando a escrita foi inventada, o segundo quando Gutenberg no Ocidente
reinventou os tipos móveis, o terceiro quando a Internet emergiu de público em
1989. Aqui devemos pensar nos sucessivos CHOQUES DE NUMERALIZAÇÃO, o primeiro
na invenção dos números, o segundo na Revolução Tecnocientífica e o terceiro
agora que Matrix iniciou outro aprofundamento (que o modelo prescreveu
independentemente).
O
fato é que as pessoas estão ainda vendendo carros e não números, embora
devessem estar vendendo números e não carros. Aprenderiam muito mais com o
distanciamento numérico. É isso que devemos fazer – para vender mais e melhor
distanciarmo-nos das imagens.
Vitória,
sexta-feira, 28 de maio de 2004.
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