sábado, 24 de junho de 2017


Matrix e a Economia de Números


 

                            No artigo desde Livro 82, Números Econômicos, vimos que a visão numérica nos permite sair da emoção de vestir a roupa - aquela situação em que a riqueza de sensações nos distrai das abstrações focalizadoras do pensamento – para o distanciamento onde podemos raciocinar.

                            Isso é muito útil.

                            Visualize em termos plásticos a cena de Matrix em que Neo pela primeira vez vê o Sr. Smith e seus companheiros como conjuntos de números. Aí não existe mais arroz em silos, existem números, que são comparáveis com outros números, que podem ser cotejados, que podem ser manipulados (como já se faz há milênios). Dez maçãs tendem a ser emocional e visualmente bem diferentes de dez espigas de milho, mas 10 e 10 são iguais. É claro que é moralmente errado considerar pessoas como números, despreocupando-se da dimensão humana. Entrementes, se há uma matriz de números pode-se considerar uma TOPOLOGIA DE NÚMEROS, uma geografia de números, uma história de números, aprendendo-se muito mais, especialmente de pudermos chegar às cártulas ou cartuchos. Distanciando-se do emocional será muito mais fácil tratar com as relações de números, os conflitos de números, as soluções de números, a associação de números. Fala-se de CHOQUE DE LITERALIZAÇÃO, o primeiro quando a escrita foi inventada, o segundo quando Gutenberg no Ocidente reinventou os tipos móveis, o terceiro quando a Internet emergiu de público em 1989. Aqui devemos pensar nos sucessivos CHOQUES DE NUMERALIZAÇÃO, o primeiro na invenção dos números, o segundo na Revolução Tecnocientífica e o terceiro agora que Matrix iniciou outro aprofundamento (que o modelo prescreveu independentemente).

                            O fato é que as pessoas estão ainda vendendo carros e não números, embora devessem estar vendendo números e não carros. Aprenderiam muito mais com o distanciamento numérico. É isso que devemos fazer – para vender mais e melhor distanciarmo-nos das imagens.

                            Vitória, sexta-feira, 28 de maio de 2004.

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