domingo, 25 de junho de 2017


A Tecnociência da Dança da Chuva

 

                            A dança da chuva corresponde a uma espécie de transe que é conseguido a base um alucinógeno, que os dançarinos tomam. Isso ficou na memória que foi depois a dos índios, mascarada como magia, sendo na origem perfeito entendimento atlante.

                            Eles tomam mescal transformado em pó. Sob efeito da droga suas libidos manifestam-se em uníssono, como uma só, como se todos fossem um. Batendo o pé no chão fazem a Terra vibrar num certo tom, como um diapasão; o solo age como um tambor, ampliando o som e enviando-o às nuvens, onde ele aquece as partículas de pó, transferindo-lhes energia, aumentando sua temperatura e agregando ou coalescendo ou aglutinando ou juntando as gotas dispersas como volumes maiores que finalmente caem como chuva.

                            É efetivo, embora se tenha duvidado.

                            O mescal tem apenas o sentido de liberar as mentes dos compromissos conceituais do ego e do superego, permitindo que a mente profunda inconsciente coloque em contato as emoções de todos os que estão em volta, formando um grupo unido, cujas batidas de pé entram em consonância. Todos os participantes passam a batê-los quase no mesmo instante e com quase a mesma força, segundo um compasso determinado que leva em conta o tipo de terra, se está seca ou úmida, se há pedras ao redor, etc. Se o indivíduo fosse buscar sozinho, jamais acharia, exceto fazendo complexos cálculos ou preparando artificialmente um tambor gigantesco. Mas em grupo conseguem facilmente, porque há adaptação do conjunto, conforme os ouvidos inconscientemente ouvem.

                            À medida que vão batendo os pés uns vão atrasando e outros adiantando, até que ressoam mais ou menos todos juntos. Rumo às nuvens vai uma onda só, de certa altura, comprimento, freqüência, com determinada carga característica de energia.

                            Isso os celestiais faziam por brincadeira, para se divertirem, fazendo chover nas planícies da Suméria ou quando estiveram nas Américas. Os índios viram e passaram a repetir. Como o mecanismo é realmente simples, fácil de aprender, qualquer um pode fazer, desde que tenha tomado uma quantidade qualquer de desinibidor (até cerveja, se durar bastante tempo o efeito do entorpecimento do ego – mas a pessoa não pode ficar bêbada demais a ponto de tropeçar ou, pior ainda, cair, porque o círculo seria rompido).

                            Vitória, segunda-feira, 07 de junho de 2004.

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