Leitura de Ônibus
Para uma população em
torno de 170 milhões de habitantes, a PEA (população economicamente ativa)
brasileira era de 84,7 milhões em 2001. Se cada indivíduo dos 80 % de médios,
médios-baixos e miseráveis (68 milhões de indivíduos) gastar duas horas/dia em
coletivos (para trabalhar contra a hipótese, pois são três horas) isso somaria
136 milhões de horas/dia. Como, constitucionalmente, o tempo de trabalho por
ano é de 2.107 horas, dividindo isso por 8 horas/dia, temos 263 dias/ano ou 72
% do ano. Tomando 260 dias de 68 milhões de camaradas a duas horas/dia cada
serão 35 bilhões de horas/ano.
Como os estudantes
estão obrigados a ter pelo menos 200 dias letivos de quatro horas por ano, isso
monta 800 horas/ano, que aumentaremos para 1.250 horas/ano (trabalhando 450
horas contra a hipótese), fazendo conta de 250 dias de cinco horas cada.
Supondo (você vê que está cheio de suposições – que é que você está fazendo
parado? Vá fazer as contas certas!), que a Internet esteja certa, em 2000
tínhamos 35,7 milhões de estudantes no ensino fundamental e 8,2 milhões do
segundo grau, com 3,0 milhões de universitários em 2002, tudo dando menos de 47
milhões, que estudam, estourando, menos de 60 bilhões de horas por ano.
EIS
O CONTRASTE QUE NOS ENSINA
(em bilhões de horas/ano)
·
Horas
exageradas dos estudantes 60
·
Horas
dos trabalhadores perdidas em coletivos 35
É no mínimo metade.
Veja só o desperdício. Será preciso
fazer levantamento com apuro, indo aos detalhes de uma tese de mestrado ou
doutorado.
Se os coletivos (que são paupérrimos, despojados
de quase tudo, fora cadeiras de plástico, mas bem melhores do que os que
conheci há 30 anos) tivessem no encosto das cadeiras telas que ensinassem os
trabalhadores poderiam se divertir, aprender, saber notícias, indagar,
comunicar com as famílias, jogar, comprar, ver propagandas, uma série bem
grande de coisas boas, que as propagandas das empresas poderiam financiar, se
fosse buscada uma solução pelos governempresas. Imagine o salto de qualidade!
Claro, seria preciso considerar os operários como gente mesmo, em vez de um
povo distante que é explorado pelas elites, e para isso é preciso grandeza, o
que não sei se as elites brasileiras têm (parece que não).
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Vitória, sexta-feira, 05 de março de
2004.
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