Tempestade
e Ventinho
Pouco leio os autores e desenhistas brasileiros
em razão de falta de compromisso com nossa nação e nosso povo, a auto fixação
narcisista do chamado eixo Rio/SP (e Minas), uns jogando confetes e serpentinas
nos outros e batendo palmas. Há os bons e há os excelentes, mas a massa mesmo é
isso de olhar-se no espelho.
Já os americanos, seja pela alta criticidade
do modelo anglo-saxão, sua total intolerância com a autogratificação não
meritória, seja pela extrema competitividade e profissionalismo, não perdoam os
ineficientes e autocentrados.
O
BRASILEIRO
JAGUAR.
|
LIVRO.
|
![]()
Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, Rio de
Janeiro, 1932.
|
![]() |
O livro é Átila, Você é Bárbaro,
São Paulo, SESI, 2014. O traço de Jaguar é distintíssimo, inigualável no mundo,
e ele é um bom cara, um dos criadores de O Pasquim. Contudo, os cartuns dele
não são extremamente cerebrais, são apenas legíveis, algo que se poder ler,
nada de fantástico.
O
AMERICANO
(judeu)
EISNER.
|
LIVRO.
|
![]()
William Eisner, 1917-2005.
|
![]() |
O livro é de Will Eisner, Ao
Coração da Tempestade, São Paulo, Cia das Letras, 2010 (sobre original
de 1991). Como na capa, são as raízes parentais do raio, que convergem no
próprio Will, sua ida para a guerra, sua carreira de desenhista, seus tropeços,
a mãe mandona e reclamona, o pai malsucedido, os problemáticos parentes colaterais
até os avôs e avós, a vida-psicologia como verdadeira borrasca que nos atinge
dia após dia, enxurrada em que vem galhos, árvores inteiras arrancadas pelas
raízes, sujeira e podridão, o aborbulhamento todo.
Há em Eisner esse empenho em mostrar, o que dá
filme poderoso. Em Jaguar há o riso fácil, verdadeiramente descomprometido com
a essênciexistência nacional. São bem-diferentes, tal pachorra tropical dos
brasileiros (quero que nos arranquemos dessa quadrilheira rede de malefícios) e
o pacto americano com mostrar grandes obras.
É fenômeno ainda não investigado e muito
menos mostrado.
É abominável - em desfavor nosso - essa
distância entre a elevada capacidade e comprometimento deles e nossa falta de decoro.
Vitória, domingo, 23 de abril de 2017.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário