domingo, 23 de abril de 2017


Tempestade e Ventinho

 

Pouco leio os autores e desenhistas brasileiros em razão de falta de compromisso com nossa nação e nosso povo, a auto fixação narcisista do chamado eixo Rio/SP (e Minas), uns jogando confetes e serpentinas nos outros e batendo palmas. Há os bons e há os excelentes, mas a massa mesmo é isso de olhar-se no espelho.

Já os americanos, seja pela alta criticidade do modelo anglo-saxão, sua total intolerância com a autogratificação não meritória, seja pela extrema competitividade e profissionalismo, não perdoam os ineficientes e autocentrados.

O BRASILEIRO

JAGUAR.
LIVRO.
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Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, Rio de Janeiro, 1932.
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O livro é Átila, Você é Bárbaro, São Paulo, SESI, 2014. O traço de Jaguar é distintíssimo, inigualável no mundo, e ele é um bom cara, um dos criadores de O Pasquim. Contudo, os cartuns dele não são extremamente cerebrais, são apenas legíveis, algo que se poder ler, nada de fantástico.

O AMERICANO (judeu)

EISNER.
LIVRO.
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William Eisner, 1917-2005.
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O livro é de Will Eisner, Ao Coração da Tempestade, São Paulo, Cia das Letras, 2010 (sobre original de 1991). Como na capa, são as raízes parentais do raio, que convergem no próprio Will, sua ida para a guerra, sua carreira de desenhista, seus tropeços, a mãe mandona e reclamona, o pai malsucedido, os problemáticos parentes colaterais até os avôs e avós, a vida-psicologia como verdadeira borrasca que nos atinge dia após dia, enxurrada em que vem galhos, árvores inteiras arrancadas pelas raízes, sujeira e podridão, o aborbulhamento todo.

Há em Eisner esse empenho em mostrar, o que dá filme poderoso. Em Jaguar há o riso fácil, verdadeiramente descomprometido com a essênciexistência nacional. São bem-diferentes, tal pachorra tropical dos brasileiros (quero que nos arranquemos dessa quadrilheira rede de malefícios) e o pacto americano com mostrar grandes obras.

É fenômeno ainda não investigado e muito menos mostrado.

É abominável - em desfavor nosso - essa distância entre a elevada capacidade e comprometimento deles e nossa falta de decoro.

Vitória, domingo, 23 de abril de 2017.

GAVA.

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