domingo, 23 de abril de 2017


Tango do Brasil

 

                            Da música Tango do Covil, de Chico Buarque.

                            Será um cara imenso, tipo 2 x 2, com grandíssima barba preta, vestido como mocinha com saia rodada de bailarina, com sapato de ponta, ficando na ponta dos pés, bem gordo, com as mãos para dentro, todo coquete, recebido no Espírito Santo pelo governador numa rua com meios-fios pintados de branco, com banda militar vestida a rigor, depois com palanque, desce o presidente e é conduzido, enquanto os tiros vão pipocando em volta, anúncios de seqüestros, corrupção geral, com inauguração do “propinoduto” por Propinácio e Sopelena, tremenda bandalheira do Tribunal DAS CONTAS.

                            A voz do cantor, que é feita pelo governador, como na música do MPB4 será debochada e empolada, grossa e cruel, depravada e tonitruante, embora ele seja pequeno, baixinho. De cada lado da rua há um cartaz ralo, de pano que deixa ver as sacanagens por trás, embora na frente estejam pintadas cenas campestres e casas bonitas, para simbolizar a realidade brasileira ocultada pela imprensa. E a música vai tocando, enquanto o cenário vai passando, indicando ao rolar a passagem dos logradouros, com lancinantes gritos dos metais e altos brados dos tambores, tudo para zombar do “capixabismo”, da vitoriosa demonstração de ufanismo recente.

                            O presidente desce do avião simbolizado e é saudado euforicamente. E quando se fale de champignon deve estar posto o Banquete da Fome Mais Sublime Aqui Deste Brasil. E outros desdobramentos, que apuraremos a seguir.
                            Vitória, segunda-feira, 29 de dezembro de 2003.

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