Os Sonhos Mais Loucos
Sonhei...
Pelos dados do livro
de Halliday & Resnick, Fundamentos
de Física 3, Eletromagnetismo, Rio de Janeiro, LTC, 1991, a massa da Lua é
de 7,36. 1022 kg e a da Terra 5,98.1024 kg, a relação T/L
sendo de 81/1, a gravidade na superfície da Terra equivalendo a seis vezes a da
superfície da Lua. A diferença é grande, mas não tão grande assim, de modo que
o sistema Terra-Lua é considerado um par de planetas, mais que planeta e
satélite – não existindo no sistema solar outra configuração sem sequer
semelhante, os planetas sendo sempre muito maiores que suas luas. O diâmetro da
Lua é de 3,48. 106 m e o da Terra de 12,74. 106 m, de
modo que a relação é de 3,66/1, ou seja, 3,66 larguras da Lua dariam a largura
da Terra. É muito, mas não é tanto assim.
A Lua É GRANDE em
sua relação com a Terra.
Acontece que a Lua
está se afastando. Há bilhões de anos estava a 30 mil e agora chega a até 450
mil km da Terra, de modo que multiplicou esse afastamento por 15.
Então um cientista esperto,
ousado e agora falecido imaginou que QUANDO a Lua, bilhões de anos depois de
agora, tivesse se soltado do laço gravitacional da Terra BASTARIA nós puxarmos
Europa, que é uma lua de Júpiter, o maior dos planetas do sistema solar,
situado a quase 800 milhões de km do Sol, por comparação com os 150 milhões de
distância média da Terra a nossa estrela. Se fosse possível estabelecer uma
linha reta, a Terra distaria de Júpiter 650 milhões de quilômetros, ao passo
que a Lua está a uns 400 mil, digamos, numa proporção de mais de 1.600/1,
segundo a qual a população de 1,3 milhão da Grande Vitória seria reduzida a
apenas 800 pessoas, os 175 milhões de habitantes do Brasil a menos de 107 mil,
a área do ES de 45.597 km2 a 28 km2. Júpiter FICA LONGE,
pode crer. Além do quê o poço gravitacional de Júpiter é imensamente maior que
o da Terra e seria MUITO MAIS difícil arrancar Europa de lá que manter a Lua
por aqui, sem falar em transportá-la por 650 milhões de quilômetros (é muito
mais, porque em campos gravitacionais não se anda em linha reta e sim fazendo
curvas – devem ser bilhões de quilômetros, fazendo voltas). Se tivéssemos poder
para mover Europa de lá para cá não teríamos para manter a Lua aqui? Aliás, se
tivéssemos poder para tal interessaria ficar no poço gravitacional da Terra?
Não estaríamos espalhados por aí? Europa é apenas um pouco menor que a Lua.
Os americanos têm umas doideiras
assim. Ficam preocupados com a explosão do Sol daqui a vários bilhões de anos,
sem que saibamos se vamos sobreviver na próxima década.
É uma loucura, totalmente insano. Veja
você o que é a falta do que fazer. Mas, no meio dessa profunda debilidade
mental, de querer construir um túnel submarino de 5.400 km (já calcularam que
bastam 54 mil segmentos de 100 metros cada; faça as contas, dá certinho), estão
pensando nas mais variadas coisas. Nesses bizantinismos há alguma coisa
formidável, que é a ânsia de resolver grandes problemas. Ainda que essas coisas
(pode-se e deve-se escrever uma Geo-História
das Demências da Engenharia Ocidental) raiem a loucura, fica que são
tentativas de enfrentar grandes coisas, e isso não devemos desprezar.
Vitória, segunda-feira,
17 de novembro de 2003.
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