sábado, 8 de abril de 2017


Os Cartazes da Vida

 

                            No filme Piquenique (com Mary S.) de 19.11.2003 num canal pago a moça perguntou à mãe o que era a beleza e ela respondeu que eram cartazes da vida, ou seja, podemos concluir que a Vida geral faz propaganda através da beleza, de modo que nos engajemos na parte complicada.

                            Compramos pelo embrulho da beleza e entramos numa embrulhada, numa confusão dos diabos, com algumas alegrias e muitas tristezas. Compramos a sustentação da família através da beleza das mulheres, tendo dentro um caroço duro e inconquistável, que leva fatalmente à morte (mas, de todo modo, o anúncio da vida é o anúncio paralelo da morte, pois constituem um par polar oposto/complementar, como o sim e não, a verdade e a mentira, o norte e o sul, etc.).

                            Se virmos a Vida como uma grande loja, uma mega-zine, um magazine, um centro de compras imenso com todo tipo de processobjeto ou de programáquina, os anúncios dos proprietários (Natureza e Deus, Ela e Ele, ELI) são os vários indicativos de beleza que estão espalhados por aí. E nós caímos como uns patinhos, não é?

                            Não é extraordinário ver assim? E vindo de um filme que não tem qualquer grande importância (tanto que nem traduziram o título, acho, colocaram Picnic, uma falta de respeito tremenda pelos brasileiros).

                            E são tremendos cartazes de propaganda: figuras femininas, cenários belíssimos, cores esfusiantes, brilhos inacreditáveis, uma profusão de preparações voltadas à venda dos produtos que estão no interior: compromisso, dever, produção, organização, etc.

                            Não é lindo, isso?

                            Vitória, segunda-feira, 24 de novembro de 2003.

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