Funil de Armazéns
No porto de
Paranaguá, cidade que (segundo a Barsa digital) tinha 115 mil habitantes em
1996, situada a 90 km de Curitiba, capital do Paraná, há conflitos pavorosos
entre as cargas que chegam das colheitas e a baixa capacidade portuária de
armazenamento para exportação.
Todos querem trazer
ao mesmo tempo os grãos que vem do oeste do estado, de Mato Grosso do Sul, de
Mato Grosso, de Goiás, do Paraguai, sei lá mais de onde, até da Bolívia.
Centenas e até milhares de caminhões ficam à beira das estradas, ocupando o
tempo dos motoristas, custando mais aos agricultores, diminuindo a capacidade
de tráfego de mercadorias no uso alternativo, causando danos ao país. É isso:
todos querem ao mesmo tempo e as estradas não comportam o fluxo, gerando
enormes prejuízos, com perdas de frações consideráveis das safras.
Entrementes, se as
cargas fossem postas em contêineres ou em sacolões (bigs bags, dizem), poderiam
ser depositadas provisoriamente em armazéns que distariam 10, 20, 40, 80, 160
km do porto, sendo aos poucos levadas para lá. Isso implicaria a existência de
uma rede de armazéns, postos como que num funil ao longo da ÁREA DE VAZÃO, de
escoamento. O ritmo de levada seria o das possibilidades, não durante as
emergências, mas permanentemente, todos os anos.
Os caminhões
levariam os contentores até os armazéns, conforme os pudessem atingir, e
voltariam para tomar mais; os boxes de transportes pertenceriam já aos navios,
sendo lacrados ou não, desde quando irá certamente haver dupla contagem, na
partida e na chegada. Não estariam ocupados, pagando diárias aos motoristas ou
aos proprietários dos veículos. Se demorasse mais que o esperado as caixas de
depósito ficariam esperando indefinidamente em armazéns dos governos ou das
empresas. No Espírito Santo, por exemplo, poderiam ficar em armazéns que iriam
do porto até Ibatiba ou Iúna, na divisa com Minas Gerais, ou além, vazando
quando desse. Armazéns construídos em áreas muito menos valorizadas, diga-se de
passagem.
Vitória,
quinta-feira, 20 de novembro de 2003.
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