Distância Entre
Impactos
Na página seguinte
você verá 3.198 números UM, colocados pela máquina (se não fossem os recursos
do Windows teria sido difícil datilografar quase 3,2 mil caracteres). Suponha
que você considere cada UM igual a 365,25 dias da Terra, para facilitar a
visualização, pois é muito difícil lidar com o enunciado de números do tipo 50
milhões de anos – a gente não faz mesmo idéia do que significam. Carl Sagan
imaginou o Ano Cósmico, comparando os bilhões de anos da Terra a um ano, para
falar de nossa presença “mínima” (no que denominei “racionalismo amebiano” –
pois se a Terra é um cisco, o que somos nós?) - no finalzinho de tal AC.
Achei esta outra
maneira. Na página há 78 batidas na horizontal, representando colunas, por 41
linhas na vertical, uma matriz 78 x 41 = 3.198 pontos ou pixels, como se diz na
computação. Teriam se passado tantos anos quanto, mais ou menos, de Moisés em
1,2 mil antes de Cristo até o presente, nessa página.
Veja que um impacto
de meteorito se deu há 245 milhões de anos, extinguindo 99 % da vida terrestre
e dando início à Era dos Dinossauros, que acabou com outro impacto há 65
milhões de anos, quando foram extintas 70 % de todas as espécies, dando fim à
ED, que durou 180 milhões de anos. A “precisão” vem por conta da minha escolha
da primeira data, porque só a última está mais bem determinada. Agora, 180
milhões de anos divididos por 3.198 dá 56.285 páginas, das quais bastariam 31
para nos levar até 100 mil anos atrás, a data mais recuada do surgimento dos
sapiens, ou somente menos de duas páginas para chegar a 3,5 mil antes de
Cristo, invenção da escrita e da civilização. É muito tempo, 180 milhões de
anos.
Os tecnocientistas
estão preocupados, desde a injeção de Sagan, com a presença de meteoritos em
volta da Terra. Repare que eles estão EM POSIÇÃO GRAVITACIONAL RELATIVA ESTÁVEL
com a Terra, não estão caindo de fato. Na realidade entre dois grandes impactos
passaram-se 180 milhões de anos, aquelas 52 mil páginas de un’s. Os cientistas
determinaram que os impactos mais constantes relativamente grandes se dão a
cada 26 milhões de anos, ou seja, 8.130 páginas. Os realmente grandes caem de
180 em 180 milhões de anos; os menores de 26 em 26 milhões de anos. Os pequenos
estão estáveis. Claro, se cair algum estamos ferrados, mas podemos fazer muito
mais devagar. Sagan tinha interesse na astronomia e na astrofísica e em
continuar financiando a NASA, de modo que inventou um motivo espúrio e condenou
a humanidade a preocupar-se com uma urgência que não há.
De fato, as forças
envolvidas não têm dimensões humanas. Um impacto causaria dispersão estatística
nos números da Terra por uns 30 ou 40 un’s, não mais que isso, e recomeçaria a
reconstrução, evidentemente num nível muito mais baixo, o que seria triste.
Devemos estar atentos para proteger a pontescada que já chegou no nível
psicológico/p.3, vésperas do informacional/p.4, mas não a ponto de nos
desesperarmos.
Devemos olhar em
volta, preparar ações ajuizadas, com cuidado. Devemos mesmo ir para fora da
Terra, mas quando tenhamos tecnociência equivalente. Se não houver tensão
nervosa destinaremos recursos à pesquisa & ao desenvolvimento da proteção?
Mas se houver DEMAIS não estaremos condenando a humanidade a preocupações
excessivas? Temos de temperar as coisas entre extremos, entre o sim e o não.
Vitória, segunda-feira,
22 de dezembro de 2003.
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