A Calçada como
Interface
Não vejo mais as
coisas como via antes.
Quando olho as
calçadas, por exemplo, enxergo projetos para tecnartistas (da visão, da
audição, do olfato, do paladar e do tato) e para pesquisadores do Conhecimento
(magos/artistas, teólogos/religiosos, filósofos/ideólogos, cientistas/técnicos
e matemáticos), para psicólogos (de figuras ou de psicanálises, de objetivos ou
psico-sínteses, de produções ou economias, de organizações ou sociologias, de espaçotempos
ou geo-histórias), para economistas (agropecuários/extrativistas, industriais,
comerciais, de serviços, de bancos). Enfim, como uma interface, uma
face-entre-dois-confrontantes, que podem ser também amigos.
Vejamos as PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos) para situar
que calçadas são os elos entre as primeiras e os segundos. A CALÇADA URBANA é,
naturalmente, diversa da CALÇADA RURAL, se pudermos colocar assim, pois esta
sequer é bem delimitada.
A Calçada geral é um
ESPAÇOTEMPO DE DESENHO.
Como a
desenharíamos, geralmente?
Ali estão postes,
lixeiras, telefones, bancas de revistas, vasos de flores, hidrantes, uma
quantidade grande de coisas. A calçada é do lote diante da qual se situa e ela
é pavimentada, preparada por essa pessoa, mas o governo a destina à passagem de
pedestres e à colocação de imensidade de coisas. Houve um aproveitamento
público do que é particular. Assim, a Calçada foi andando de caos em caos até
ser essa coisa tremendamente conturbada de hoje, em que há uma intrusão geral e
em que até há pouco tempo atrás os carros subiam indiscriminadamente,
tomando-as aos pedestres, depois de terem se apoderado das ruas que são, em
tese, de todas as pessoas que pagam tributos (um terço do meu salário é
destinado a tributos, mas pouco uso a rua, porque não tenho carro).
Se a Calçada é
aquele ET de Desenho, como anunciei, os governos não tratam de contratar
tecnartistas para embelezá-las, em particular não aos arquiengenheiros. Não há
quem destine o tempo de um grupo-tarefa a essa renovação necessária,
fundamental até. Quanto a Calçada poderia ser melhorada pelo olhar amoroso e
interessado de gente competente? Penso que muito, e isso é devido.
Vitória,
quarta-feira, 24 de dezembro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário