quinta-feira, 6 de abril de 2017


Atribuindo Tarefas

 

                            O lado nojento de escrever e querer ajudar é que uma vez que tenhamos tido uma idéia e ela seja lida forma-se na cabeça do leitor um impulso para agir, se ele concorda com a postulação, que segue crescendo por “toda a eternidade”, quer dizer, enquanto o modelo cultural ou do povelite/nação crente daquilo siga existindo.

                            Por exemplo, dado que escrevi 50 livros antes deste, com uns 50 artigos cada, vão aí 2,5 mil idéias mais ou menos complexas que tendem a ser absorvidas e servir de estímulos às pessoambientes em vários graus de realização, isto é, de pressão para tornar o virtual das idéias em real praticado, materializado. Lá está o futuro fazendo obras em meu nome ou em nome de quem quer que seja. E como o modelo diz que o mundo é 50/50 ou de soma zero SEMPRE vai haver metade que fará obras; de fato, 1/40 ou 2,5 % FARÃO COMPULSIVAMENTE, de modo que essas idéias serão realizadas, quer queiramos ou não, sejam ou não oportunas. Para os 6,3 bilhões atuais os 2,5 % são uns 150 milhões de todas as idades, dos dois sexos, em todos os países. Nisso - sei de antemão - minhas idéias serão multiplicadas até sem discussão, como seria necessário e pediria a racionalidade humana. Pessoas brigarão por elas e, quem sabe, guerrearão, embora esse não seja o meu desejo. Estabelecerão pólos, porque assim é o Desenho do Mundo ou Plano da Criação e não há nada que possa impedir.

                            E como, no desenho que fiz das possibilidades, de escrever 10 mil artigos, lá sairão, desde que tal seja possível, 10 mil linhas de criação e talvez muito mais, porque elas se combinarão duas a duas e n-a-n para gerar infinitas obras. Já pensou que aborrecido?

                            O certo seria raciocinar antes de fazer, mas podemos esperar que haja aquela gente, 2,5 % que farão sem pensar. Não é estranho que quem tenha pedido, sobretudo, que as pessoas se empenhem em pensar vá obter obras de quem se empenha sem pensar?

                            Vitória, domingo, 23 de novembro de 2003.

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