segunda-feira, 24 de abril de 2017


Alma Lucindíssima

 

                            Na Rede Cognata (no Livro 2, Rede e Grade Signalíticas) Elisa = ALMA (vá fazer a conversão). Lucindíssima é composição de Lucinda + lúcida (o “íssima” significando MUITO), brilhante, resplandecente, coruscante. Elisa Lucinda é poeta capixaba de Vitória, nasceu em 1948, formou-se em jornalismo e do pouco que conheço dela posso dizer logo que está ao mesmo nível de Drumond, Caetano e os grandes do Brasil, além dos grandes do mundo. Por curiosidade, cheguei a trabalhar com ela (não vai se lembrar é claro) na antiga secretaria estadual da Indústria e Comércio, quando ficava logo acima da rua que dá para a Escadaria Maria Ortiz, no centro da cidade.

                            O que me intriga em tudo que vejo é perceber que de onde há tantos que nada produzem emerge de vez em quando alma brilhante capaz de tão grandes saltos para perto do Céu, seja ela, Chico Buarque ou qualquer grande tecnartista. Isso me assombra: que das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) mais triviais, saia de repente um talento superior. Como se formou? O que levou a que dos mesmos alimentos comuns digeridos por todos, essa alma maior pudesse proporcionar tão surpreendentes manjares?

                            Tais possibilidades do mundo me intrigam sobremaneira. Ali estão outros indivíduos que nada vêem e nada sabem fazer e do lado comendo do mesmo prato as mesmas comidas está outra criatura, aparentando ser completamente comum, também, e não obstante, emergindo do banal, do corriqueiro, do ordinário, da sopa barata para oferecer aos povos e às elites suas grandes criações! É formidável, mesmo, e em anexo coloco dela sem seleção um poema ilustrativo e uma história que conta, muito lindamente transformada em poema prosódico.

                            Acho que se não fosse de vez em quando uma notícia boa a gente sucumbiria e desistiria.

                            Vitória, sábado, 03 de janeiro de 2004.

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