Verdadeiro Cenário de
Catástrofe
Nos cerca de oito ou
dez filmes sobre quedas de meteoritos dos últimos dez ou quinze anos fizeram
alguns razoáveis e a maioria péssimos.
Para começar, não se
nota neles a sensação de desespero que tomaria conta de toda a população
mundial – as feições estão sempre tranqüilas, quase em êxtase. Depois, a
presença de atores principais exige que a continuação das cenas os salve,
independentemente de qualquer cenário real, que seria profundamente devastador,
não poupando ninguém. A queda seria estatística: a) 70 % de chances de ser nos
oceanos; b) 30 % em terras emersas. Destas os EUA, com uns 9,4 milhões de km2,
teriam 9,4/170, ou menos de 6 % de chance de receber o impacto (e, não
obstante, quase sempre caem lá; se não caíssem não faria diferença, a
destruição os atingiriam de qualquer modo).
Depois, é preciso
saber que em geral a cratera aberta corresponde a 20 vezes o diâmetro maior do
meteorito. Assim, um de 100 km abriria uma cratera de cerca de dois mil
quilômetros de diâmetro. Imagine que um de 15 km iniciou o processo que deu fim
aos dinossauros, a partir de 65 milhões de anos atrás, no Iucatã.
Primeiro ele
vaporizaria o que tocasse diretamente, no caso plantas, fungos, animais,
humanos e suas construções, levantando todo material até a atmosfera, que fica
muito mais densa de água e terra. Pó obscurecendo a luz do Sol por dias,
semanas, meses, anos, acabando com a foto-síntese. Água caindo torrencialmente
por meses e devastando as colheitas, com enchentes formidáveis e
incontroláveis, as maiores já vistas. Furacões, tsunamis, monções fora de
época. Propagação violentíssima de vulcões, despertando todos os adormecidos e
criando novos aos milhares, de todos os tamanhos. Terremotos, maremotos,
avalanche de todas as neves.
Logo de cara, no
impacto, ondas de VÁRIOS QUILÔMETROS DE ALTURA circundariam o planeta, varrendo
tudo, até as mais altas montanhas, e deixando um rastro de destruição quase
total. Muitos pedaços da Terra seriam ejetados, uns para sempre, outros recaindo
logo em seguida e abrindo novas crateras, e outros nos anos e décadas a seguir.
Tudo avermelharia em volta da cratera por centenas de quilômetros, esquentando
a água continuamente, fazendo-a evaporar.
De início a bola de
fogo iria se espalhando e queimando o ar e as coisas, postos de gasolina,
usinas de energia, queimando empresas em milhares de quilômetros ao redor. Tudo
que tivesse sobrado da civilização humana estaria agora em colapso, com todo o
Conhecimento sucumbindo numa exponencial descendente e assintótica. Os
governempresas estariam morrendo à míngua. Todos os laços dos conjuntos se
desfariam aceleradamente para as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos,
empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações, mundo, com
regressão acelerada). A Lei Marcial seria decretada, os governos remanescentes
se isolariam.
Nos filmes temos
sempre simpatias humanas a preservar por crianças, mulheres, velhos e mocinhos,
os heróis e heroínas, os símbolos humanos que o outro lado não tem por quê
reconhecer. De forma que um filme verdadeiro deveria de cara excluir
terminantemente todo rosto reconhecido do Cinema e da TV. Depois, seria preciso
adotar as estatísticas e as probabilidades, por exemplo, de queda 7/3 favorável
no mar. A seguir, seria preciso estudar junto aos pesquisadores o que mais
provavelmente aconteceria, um estudo sério e ajuizado, para os diversos
tamanhos de pedras.
O propósito deveria
ser começar a preparar a civilização terrestre para eventos reais e reação
controlada a eles (se possível), criando um grupo planetário com certa
autoridade disparada por evento provável. Com carteiras alternativas de
identidade para os que fossem ser preferencialmente salvo - no sentido de
proteger e resgatar os demais. Dá um filme formidável e seqüências bem
educativas mesmo.
Vitória,
quinta-feira, 21 de agosto de 2003.
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