Vendo como Hostil
Quando estamos
dirigindo esperamos usar ruas e não pensamos que elas são coletivas, de todas
as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) nos AMBIENTES
(municípios/cidades, estados, nações e mundo). Com os tributos todos são pagos
exclusivamente pelo povo as ruas, as avenidas e as estradas são dele e todos
nós apenas as tomamos emprestado.
Em particular, nas
ruas andam automóveis, caminhonetes, caminhões, ônibus que remetem os pedestres
para as calçadas. Até atravessar na faixa, com o sinal fechado, é perigoso,
especialmente para crianças e idosos, cujas reações são mais lentas. Mas os que
não dirigimos ou não temos carros também pagamos impostos e não as usamos senão
numa proporção muito menor; então, estamos emprestando o que é nosso, sem
remuneração. Não que alguém vá desejar isso, mas é só para lembrar.
Quando vemos algo
como hostil, como inimigo ou adversário, lembramo-nos do que é vantajoso a ele
e do que é desvantajoso a nós.
Como tivemos sempre
uma cultura terceiro-mundista fortemente propagandista do carro como um valor
pessoal indiscutível não tínhamos parado para vê-lo de fora, ad-mirá-lo, mas no
sentido negativo, oclusivo, que nega valor, que subtrai existência ou direito
de ser.
Por quê permitimos
que o carro se tornasse TÃO MACIÇAMENTE presente, quase onipresente em nossas
vidas? A ponto de quando, raramente, aparece uma rua-de-pedestres isso parecer
uma violação, uma contravenção, um desafio dos que andam e não dirigem. Não
obstante, o modelo diz que tudo deveria ser 50/50, meio-a-meio carros/pedestres,
o que está longe de ser. Pelo contrário, os pedestres são postos de parte e até
nas calçadas os carros subiam e ainda sobem, a ponto de ser necessário colocar
hastes e barras de aço ou construir de alvenaria ressaltos e colocar vasos de
flores, ou tomar atitudes drásticas, como guinchar o veículo.
Talvez devêssemos
ver mais como sendo hostilidades certas dominâncias, de modo a restabelecer o
equilíbrio perdido em algum ponto nas escolhas unilaterais passadas.
Vitória,
domingo, 05 de outubro de 2003.
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