Urbanização Amorosa
Acho que a imagem
que ficará deste tempo em volta do século XX para o futuro é a de desastre,
como coloquei há 30 anos passados a certa moça (ela não acreditou quando falei
em Século Negro), em vários sentidos, mas principalmente a da pobreza e da
miséria espalhadas, especialmente os lixões e favelas, que são grandes, imensas
demonstrações da ineficiência do século e do Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral.
Se, em vez de mapear
a cidade dos 20 % (5 % de ricos e 15 % de médios-altos) Bélgica a que do outro
lado correspondem os 80 % (mais de 140 milhões de pessoas agora) Índia do
Brasil, mirarmos os miseráveis em suas habitações-cortiços, o que veremos? É um
exercício muito interessante a que a Academia (universidades e institutos) deve
acorrer, para realizar urgentemente. Veremos a ausência do “centro nobre”, onde
ficam os que cooptaram ou foram cooptados pelo modelo civilizatório excludente
brasileiro e em volta um anel bem gordo dos que “moram distante”, e isso em
todas as cidades do Brasil, mais ou menos, anéis mais gordos ou mais magros,
mas sempre aquelas manchas horríveis, que denigrem todos os valores positivos
que pudéssemos porventura apontar.
Em lugar disso e mesmo
nos centros urbanos poderíamos ter uma urbanização (ato permanente de
urbanizar) amorosa, feita por amor, da parte de todos os tecnartistas (são 22
os até agoraqui identificados) e todas as vertentes do Conhecimento. Se
tivéssemos que amenizar a dor, o que faríamos? Se considerássemos que lá não
estão eles e elas, mas nós mesmos, o que faríamos? Que tal juntar os vértices
todos do Conhecimento sob estas perguntas? Eis um seminário poderoso, que
deveria se repetir a cada ano, com ajuda da mídia (TV, Revista, Jornal,
Livro/Editoria, Rádio e Internet). Os governempresas devem correr, para ver se
ainda conseguem impedir o desastre (ela não vai acontecer, já está acontecendo
desde o primeiro índice de miséria – só está se acumulando a ponto de ruptura).
Fazer ruas-de-conversação, implantar grande número de praças-de-serviço, e
assim por diante.
Vitória,
sexta-feira, 03 de outubro de 2003.
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