O Brasil Bloqueado
Cuba é um país
territorialmente pequeno: 110.922 km2, o que por comparação com os
45.597 km2 do ES dá apenas 2,43 vezes nossa área também diminuta. A
população era em 2001 apenas de 11,2 milhões de habitantes ou umas 3,5 vezes a
daqui, de modo que a densidade é apenas pouco maior que a nossa. O PIB era de
somente US$ 18,6 bilhões em 1999, como já mostrei menor que o PIB visível do
nosso estado e menos da metade do total.
A área dos EUA é de
9.372.614 km2 ou 84,50 vezes a cubana, com um PIB no mesmo ano de
US$ 9,15 trilhões ou 817 vezes a do pequeno e valente país. A partir de quando
houve o alinhamento de Cuba com a ex-URSS em 1961, depois da tentativa de
invasão do país na Baía dos Porcos pelos exilados cubanos apoiados pelos EUA no
mesmo ano e da Crise dos Mísseis em 1962, o gigante do Norte instalou
inicialmente um bloqueio naval e depois um bloqueio comercial que perdura por mais
40 anos, mesmo que outras nações tenham voltado a negociar parcialmente com o
país e que o Brasil tenha reatado relações faz algum tempo.
Bom, o que é sofrer
embargo da maior nação do mundo (que já teve 45 % da renda mundial depois da
Segunda Guerra Mundial, baixou a 33 % na década dos 1970 e agora fica em 25 %)?
Para um paralelo, seria como se o Brasil bloqueasse o ES, tendo uma renda que
fosse umas oito ou dez vezes a da relação dólar/real de agora para a nossa área
estadual.
Acontece que a
maioria dos países, temendo sanções dos EUA, trataram de seguí-lo ou por medo
ou por oportunismo, do que resultou muito dano, mesmo se o Almanaque Abril 2002 diz, na página 231, tomo Mundo, que “o país
(Cuba) obtêm grandes progressos econômicos e sociais, especialmente na
medicina, saúde pública e educação”. E o que seria perder US$ 4 bilhões ou 1/6
da renda nacional com o fim da URSS?
E se o Brasil
tivesse sido bloqueado nos últimos 40 anos, sem receber nenhum acréscimo da
tecnociência e dos conhecimentos mundiais? Se estivéssemos capengando, dispondo
apenas dos recursos de 1960 ou pouco mais? Está certo que a URSS, país muito
maior, pôde desenvolver-se por si mesma (ou realizando espionagem industrial),
mas mesmo assim teria sido doloroso para nós. Os cubanos foram uns gigantes e
merecem nosso aplauso, como eu disse mais de uma vez.
A gente não pára
para raciocinar os benefícios que recebemos das pesquisas teóricas e dos
desenvolvimentos práticos dos demais países, mormente do primeiro e segundo
mundos. Sem as patentes deles o que o Brasil estaria fazendo agora? Pense em
todos os aparelhos que nos seriam retirados caso tivéssemos sofrido tal
bloqueio.
Vitória, sábado, 04
de outubro de 2003.
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