Me Engana que eu Gosto...
Esse é um daqueles
bordões - frases que se tornaram lugar comum - que penetraram no imaginário
brasileiro vindas da Rede Globo, de um daqueles programas humorísticos (seria
interessante listar quantas frases, de todas as redes, chegaram a ser
popularizadas).
Inventaram essa
coisa de “melhor idade” para designar os maduros, os velhos, os da chamada
“terceira idade” (o modelo define precisamente: se a geração for de 30 anos,
isso começaria aos 61), mas sabemos perfeitamente que lá pelos 35 anos, mais ou
menos, começam as dores, que vão se tornando cada vez piores – tanto as
corporais ou físicas, na realidade biológicas/p.2 que se refletem como
psicológicas/p.3 quanto, definidamente, as racionais ou mentais. É quando a
carga de problemas começa se tornar pesada demais e entramos a carregar o mundo
nas costas, pois os que vieram na frente estão perdendo as forças.
Que pode haver de
“melhor” em sofrer dores e carregar as gerações de trás nas costas? É um
eufemismo, claro, como alguém que fizesse uma camisa com o trocadilho
cin/QUENTÕES, os cinquentões-quentões, e acreditasse nisso. Ou as baby-bruxas,
as mulheres de 35 ou 40 anos que se vestem como cocotinhas.
Claro, apoio a
retomada da felicidade, mas sem qualquer enganação. Que as pessoas se animem
apenas porque somos mesmos animáveis, dotáveis de almas, porém sem mergulhar na
afirmação convicta de concepções erradas.
Façamos festas
porque somos festeiros e não sob tal ou qual justificativa na qual fôssemos
obrigados a acreditar. Se a idade é a melhor, porque é preciso fazer
propaganda? Os jovens, os que estão realmente na crista da onda, não fazem
propaganda, apenas vivem em estado de felicidade.
Vitória,
terça-feira, 07 de outubro de 2003.
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